Por Assessoria Parlamentar
No Dia Mundial da Alimentação, celebrado nesta quarta-feira, 16, a deputada estadual Linda Brasil (Psol), líder da oposição na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), fez um forte pronunciamento denunciando a crise de insegurança alimentar no estado. Na tribuna, a parlamentar trouxe números alarmantes que expõem a gravidade da situação: mais de 56% dos lares sergipanos enfrentam algum grau de insegurança alimentar, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2024. Linda Brasil destacou ainda o impacto dessa realidade nas crianças, lembrando que em 2022, 121 bebês com menos de um ano foram internados por desnutrição e deficiências nutricionais, conforme dados do Ministério da Saúde.
A deputada lembrou sua recente visita ao Abrigo Sorriso, onde encontrou crianças em acolhimento institucional. Segundo Linda, essas crianças foram afastadas de suas famílias não por falta de cuidado, mas devido às condições socioeconômicas que inviabilizam uma vida digna. “Vi lindas crianças que estão sendo bem cuidadas, mas que, infelizmente, tiveram que acessar esse equipamento de abrigo. Dentre os diversos motivos para o rompimento familiar, está o fato de que os membros dessas famílias estão desempregados, não possuem moradia digna e não têm acesso a políticas sociais que viabilizem cuidar e alimentar essas crianças, ocasionando a perda de suas tutelas. Falta emprego, moradia adequada, e, acima de tudo, políticas públicas capazes de garantir o mínimo para essas famílias sobreviverem. Sem isso, elas perdem até o direito de cuidar de seus filhos”, apontou.
Durante sua fala, a deputada não poupou críticas ao governo estadual, apontando que as poucas iniciativas existentes, como o programa Prato do Povo, o Restaurante Popular Padre Pedro e a distribuição de cestas de alimentos, são insuficientes para combater a fome de forma estrutural. “Essas ações são paliativas, não chegam a grande parte da população mais vulnerável e não enfrentam as causas da fome: desigualdade social, desemprego e racismo. A pergunta que fica é: por que o estado permanece nessa situação? De acordo com o Observatório de Segurança Alimentar e Nutricional do Estado de Sergipe, as causas para a fome, dentre tantas outras, se dão pela falta de políticas públicas específicas e intersetoriais para resolver esse problema estrutural. Os números da insegurança alimentar em nosso estado mostram que as ações do Governo do Estado não alcançam a maioria da população mais pobre e não resolvem esse tipo de problema, que é estrutural, porque a causa é a desigualdade social, o desemprego e o racismo”, destacou.
Linda Brasil fez um alerta sobre as prioridades da gestão estadual. Segundo levantamento citado por ela, o governo de Sergipe gasta 40 vezes mais em repressão, festas e propaganda do que no combate à fome. “O resultado desse tipo de gestão é desumano. É essencial ampliar o investimento na distribuição imediata de alimentos, porque quem tem fome tem pressa. Mas também é importante investir, a curto e médio prazo, na geração de emprego e renda, na reforma agrária, no fortalecimento da agricultura familiar e dos pequenos agricultores, com facilitação e liberação de crédito. Investir na assistência técnica apropriada para que as pessoas tenham condições de produção e acesso à água, na distribuição de sementes e no fortalecimento do comércio”, cobrou.
Foto: Jadilson Simões