Por Aldaci de Souza – Rede Alese
“Se querem incluir nossos filhos na escola de ouvintes, por que não aceitam ser incluídos na escola de surdos? Nós só temos alunos surdos porque a sociedade ainda não quer fazer essa inclusão ao contrário”. O entendimento é da presidente do Instituto Apoio Educação de Surdos de Sergipe (IPAESE), Ana Lúcia Nunes de Oliveira, ao participar na manhã desta sexta-feira, 10 na Assembleia Legislativa de Sergipe, da audiência pública sobre a importância da escola bilíngue para surdos. A propositura da audiência é de autoria do deputado Iran Barbosa (PT).
De acordo com Ana Lúcia, normalmente se colocam dois alunos surdos em uma turma de no mínimo, 20 pessoas e se coloca um intérprete, mas a maioria desses surdos não têm libras. “Ou seja, os surdos que saem das demais escolas inclusivas, eles chegam no Ipaese sem nenhuma noção de libras.Recentemente nós fizemos uma turnê em alguns municípios em escolas do estado, por conta de um convênio que temos, para falar isso. Nos municípios não tem nenhum intérprete, nenhuma condição mínima”, lamenta.
De acordo com ela, o Ipaese tem a libras desde o infantil até o ensino médio, assim como se aprende o português. “A própria Secretaria de Educação nos colocou a preocupação quanto a uma possível segregação. Queremos dizer a todos que o Ipaese é uma escola bilíngue onde tem como primeira língua a libras e depois o português e é uma escola que está aberta para todos: para surdos e ouvintes”, completa.
Na audiência foi destacado que a educação bilingue numa língua de sinais não deve ser vista como “educação especial” ou “educação segregada”, assim como o movimento de deficientes interpreta,mas sim, como uma forma de educação no sistema da educação inclusiva.
E foi enfatizado “o direito da criança surda em aprender por meio da educação bilingue com seus pares e com professores fluentes na língua de sinais, incluíndo professores surdos”.
Foto: Jadilson Simões