Início de ano sempre traz uma expectativa muito grande para o setor da economia e no Estado de Sergipe, empresários dos diversos setores e governantes trabalham com a expectativa de crescimento visando superar a crise vivenciada em 2016. A chegada de novas indústrias atraídas pelos incentivos fiscais, o acesso às rodovias para o escoamento dos produtos, a capacitação de funcionários e o planejamento estratégico são os principais pontos destinados à retomada da economia.
Para o economista Rodrigo Rocha, os empresários precisam planejar. “O empresário precisa mais do que nunca de planejamento estratégico, não só no dia a dia, mas um planejamento de médio e longo prazo, verificando todas as despesas que devem ser cortadas; contratar uma consultoria, investir em novas ações para ter produtos com custos menores, que atraiam os consumidores e com isso busque aumentar suas receitas mesmo em um ano difícil”, entende.
Rodrigo Rocha acredita que o primeiro semestre de 2017 ainda não vai ser dos melhores. “A expectativa é de que os governos federal, estaduais e municipais consigam estruturar as suas contas para obter resultados melhores. Os servidores por exemplo, não estão conseguindo receber seus salários em dia. São pessoas que têm uma renda, mas não estão conseguindo consumir, pagar suas contas e isso vai gerando uma dificuldade para o comércio, para as indústrias, para os serviços. Tivemos um ano muito difícil principalmente no setor da Construção Civil, que gerou muita demissão e isso tem um impacto muito grande na economia porque puxa outros serviços; as indústrias como um todo sentiram as dificuldades”, destaca.
PIB
O ex-secretário da Indústria e Comércio (empossado nesta quinta-feira, 26 como diretor-presidente da Administração Estadual de Meio Ambiente), Francisco Dantas, ressaltou que o Produto Interno Bruto (PIB), tem ajudado muito na recuperação da economia em Sergipe.
“O PIB tem ajudado muito. Temos grandes indústrias que estão alavancando a nossa economia e novas indústrias chegando. Vale destacar a termoelétrica cujo investimento será de quase 5 milhões de reais que entrarão na nossa economia. Sergipe tem um PIB equilibrado nos setores da indústria, comércio e agrícola. À nível de Nordeste é o melhor estado para a atração de indústrias por conta do programa de incentivos fiscais. É um estado pequeno, organizado e com um acesso viário muito bom e muito importante. Hoje, qualquer vila, qualquer povoado de Sergipe tem acesso às rodovias asfaltadas. Isso diminui os custos na logística da distribuição dos produtos e também barateia porque ganha tempo, ganha qualidade”, diz.
Francisco Dantas lembrou que o empresário que vem de fora tem muita facilidade para manter contato com as autoridades públicas. “O governador Jackson Barreto pessoalmente recebe os empresários, nós damos agilidade na abertura de empresas por meio da Junta Comercial, Meio Ambiente, Corpo de Bombeiros, enfim, é um conjunto de circunstância que faz com que, quem está implantando negócios em Sergipe, elogie a acolhida. Temos várias indústrias nos procurando, o governador tem se empenhado em trazer novas indústrias e esperamos um grande ano para o setor”, enfatiza.
“Nos últimos cinco anos, se considerar que 2 mil empregos foram ofertados só nas indústrias que estão sendo implantadas em Sergipe, foi um milagre. Uma cidade como Nossa Senhora do Socorro emprega no seu parque industrial praticamente 10 mil pessoas, que com o produto do seu trabalho tem incrementado o comércio e demais áreas de serviço. Economia é um ciclo que pode ser uma tragédia quando perde emprego, mas em Sergipe estamos no chamado ciclo virtuoso: onde as pessoas entram no mercado de trabalho e também passam a ser com consumidoras dos nossos produtos, os tributos passam a ser recolhidos e retornam para a população como benefícios e isso tudo ajuda”, acredita.
Retomada
O crescimento da economia no Estado de Sergipe é uma aposta do setor empresarial. “A retomada da economia é tudo que as empresas esperam; a condição de que o dinheiro gire e a economia seja retomada. Nós estamos nesse fluxo. Nós somos uma empresa de alimentos, mas não somos gêneros de primeira qualidade e a gente sofre todos os efeitos da economia no mercado”, afirma o diretor-presidente da Empresa Massas Mago, Rubens Cláudio Silva.
Ele contou que a Massas Mago é uma empresa sergipana, foi fundada há 20 anos pela sua mãe, d.Maria do Carmo Góes, que ao se aposentar, iniciou a atividade na confecção de massas para pastéis, na própria residência, visando aumentar a renda familiar. O negócio deu certo e cresceu obrigando a mudança de local, aquisição de equipamentos e contratação de funcionários. Nos últimos cinco anos vem lutando para se manter equilibrada e em um patamar de crescimento.
“Nós somos uma empresa de 20 anos de existência e de cinco anos pra cá, tivemos um período recessivo como toda a conjuntura econômica, mas em sendo uma empresa que tem uma baixa rotatividade, essa condição de demissão pelo menos não aconteceu. A Massas Mago foi criada pela minha mãe na época de se aposentar e ela pretendeu um comércio pequeno, entre amigos, mas à medida que foram surgindo clientes, o negócio foi crescendo, tivemos que comprar outras máquinas. Foi um período que eu fui tragado para de certa forma salvar a empresa naquilo que seria o encaminhamento formal”, relembra.
“Saimos de dentro de casa para uma casa alugada e depois participamos de uma concorrência pública para o Distrito Industrial, além de treinamentos em diversas áreas. É uma empresa que no início tinha um ranço familiar e para se profissionalizar, foi passando por qualificações e entrando no mercado. Cada dia uma história, um leão para matar e correr de um leão que vem atrás. Contamos com apoio do Sistema S (Sebrae e Senai), o IEL, que a gente recorre. Temos que estar enfronhado com a legislação, mas estamos encarando. A força do trabalho é que faz a gente prosperar”, acredita o empresário.
Rubens Cláudio acrescentou estar num mercado que tudo o que acontece desfruta, seja numa época benéfica ou não. “Entendemos ao longo do tempo que a gente tem que aprender a se virar, a prosperar, se desenvolver e não ficar num rio de lamentações, atrelado à política de Governo, buscar o nosso espaço. O que aconteceu nesse período de recessão: identificamos os nossos pontos fortes, o que a Massa Mago tem de valor; buscamos capacitação aprofundada e aperfeiçoamento para que o mercado nos reconheça. Em sendo uma empresa íntegra, quando o vendaval forte passa, ficamos de pé. O nosso funcionário está muito afinado e descobriu determinados valores dentro da empresa”, elenca.
Sem lamentações
O empresário passou uma receitinha que pode tirar a classe das dificuldades. “Não temos muito o que reclamar e nem ficar num rio de lamentações por causa da economia. Procuramos agregar valores e diversificar, não abrindo mão do atendimento excelente. Estamos apostando. Com a força do trabalho, o país tende a melhorar. A sociedade como um todo espera isso e a gente como empresa está fazendo a nossa parte. Esse ano estamos apostando alto em duas situações que vão incrementar muito no nosso valor e na nossa imagem. Estamos mudando a nossa marca de 20 anos; agregando outros produtos novos ao nosso mix; consolidando uma área maior de atuação e a culminância será a passagem da área de produção para uma fábrica maior no segundo semestre”, comemora.
Por Aldaci de Souza/Agência de Notícias Alese
Produção Thaiara Silva
Fotos: Alese/Divulgação ASN