10/6/2022
Por Ethiene Fonseca/Agência de Notícias Alese
A manhã desta sexta-feira (10) foi de atividades culturais na Escola do Legislativo Deputado João de Seixas Dória (Elese). Além do lançamento do cordel ‘Bodega da Gabriela: um plantel da cultura popular’, o evento contou também com uma roda de conversa com a autora do livro Gilda Costa. A iniciativa faz parte do projeto ‘Encontros com o Autor’, de promoção à cultura e à leitura, realizado pela Elese, órgão vinculado à Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese).
“O projeto ‘Encontros com o Autor’ tem a pretensão de aproximar autores e leitores. Nós estamos aqui em uma biblioteca, qual é a matéria-prima de uma biblioteca? Informação. Quem produz informação são autores, intelectuais, filósofos, pensadores, formadores de opinião. Quem consome essa informação são os leitores, os pesquisadores, estudantes, sociedade em geral. Então a gente pensou esse projeto para juntar esses dois elementos: autor e leitor. Muitas vezes o leitor tem a percepção de que o autor é aquela pessoa distante, ele conhece a obra, vai na estante, se informa sobre aquilo que está escrito, mas a pessoa de carne e osso que escreveu aquilo ali está distante, inalcançável”, explicou o coordenador da Biblioteca da Escola do Legislativo, Celson Iris da Silva.
O cordel ‘Bodega da Gabriela: um plantel da cultura popular’ conta a experiência da autora Gilda Costa na Bodega da Gabriela, estabelecimento da capital sergipana que ela frequenta há mais de 20 anos. Gilda explica que descobriu a existência da Bodega no início dos anos 2000 através de um panfleto e, de lá para cá, passou a frequentar os saraus e demais eventos culturais realizados no estabelecimento. Foi assim que ela conheceu o proprietário do lugar, Henrique do Licor.
“No início dos anos 2000, eu encontrei com Sergival em um fórum de forró no Atheneu. Ele estava distribuindo o panfleto da Bodega da Gabriela e eu fui conhecer. A partir dali passei a ir nas festas na Bodega, os saraus e fiz amizade com Henrique. A tônica é que tanta gente participava do sarau, não existia cachê. Era você ir para a festa por gosto. Eu já saí de lá 4 horas da manhã e ainda ter gente para se apresentar. Era um prazer, eu sempre decorava algum texto, pois eu sempre gostei de recitar poesia. Então eu sempre preparava algo para dizer”, relembra Gilda Costa.
Esse movimento cultural fomentado pela Bodega da Gabriela despertou o interesse da autora, que decidiu escrever sobre o assunto. Ela aproveitou o período de distanciamento social, provocado pela Pandemia da Covid-19, para finalizar a obra, contando com a ajuda de Henrique do Licor para complementar as histórias que o livro traz. Gilda relembra que, em outubro do ano passado, ela recebeu a triste notícia sobre a morte do dono da Bodega.
“Ali não era apenas uma bodega, um bar, era muito mais do que isso. Eu via esse movimento em torno da Bodega e pensei em escrever. Nesse dia, coloquei no papel duas páginas de texto. Depois não escrevi mais. Durante a Pandemia, a gente procurou se ocupar, terminar projetos que foram iniciados. Quando eu achei que tinha terminado, eu liguei para Henrique. Era de manhã. Ele dormia à tarde por causa da Bodega. Liguei para ele, ele tinha acabado de acordar. Fui lendo para ele, no final, ele se emocionou. Perguntei para ele o que faltava no texto, o ponto de vista dele. Trabalhei mais um tempo no texto e aí fomos publicar”, explicou a autora.
Cultura
Para Vera Vilar, assessora da Diretoria da Elese, o projeto ‘Encontros com o Autor’ vem no sentido de trazer ao público as obras literárias que estão sendo produzidas no Estado de Sergipe. Ela explica que, após o lançamento das publicações no evento promovido pela Elese, os autores disponibilizam alguns exemplares para o acervo da biblioteca da Escola do Legislativo. Vera acredita que o projeto traz benefícios tanto para os autores, que ganham um espaço de divulgação, como para os leitores, que têm acesso à cultura local.
“Essa iniciativa é interessante para trazer para a comunidade o conhecimento público dos autores que estão produzindo literatura no Estado para que as pessoas tenham acesso ao trabalho e que esse trabalho também possa estar de forma permanente na biblioteca da Elese para quando quiserem pesquisar. E também incentivar aquelas pessoas que gostam de escrever e que ainda estão com uma certa timidez para mostrar os trabalhos. Isso acaba incentivando muito as pessoas”, finalizou.
Fotos: Jadilson Simões