A Biblioteca da Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) sediou, nesta terça-feira (12), mais uma edição do projeto “Encontro com o Autor Sergipano”. O convidado foi o jornalista, poeta e mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Gilson Sousa, editor da revista Caçuá Cultural, impressa pela Editora Diário Oficial de Sergipe. Entre suas obras, destacou-se no evento “Quadrilha Junina Século XX – 52 anos de vitórias” (2016), resultado de ampla pesquisa sobre uma das mais tradicionais quadrilhas juninas do Estado.

Sensibilidade literária

Advogado João Sobral Garcez

O advogado João Sobral Garcez ressaltou a trajetória e o estilo de Gilson Sousa:

“Esse grande escritor, poeta, jornalista, com o qual tenho a honra de conviver há algum tempo, merece todo nosso reconhecimento. É importante falar da relevância das suas obras para a cultura sergipana. Gilson é um poeta muito sensível, que transmite isso através dos seus livros. E, no mundo de hoje, na era digital, ter uma personalidade sergipana que ainda se dedica a escrever livros é algo que nós temos que prestigiar e ajudar a divulgar para toda a sociedade.”

Valorização de autores locais

O coordenador de Assuntos Culturais da Elese, Beneti Nascimento, destacou a proposta do “Encontro com o Autor Sergipano” e fez um panorama da atuação de Gilson:

“O encontro traz na sua programação escritores que talvez não sejam festejados como os grandes nomes da literatura sergipana. Uma característica nossa é fazer com que esses autores, às vezes anônimos, tenham espaço para falar sobre sua obra. Alguns deles são fantásticos e trazem um histórico digno de elogios. Hoje, especialmente, recebemos Gilson Sousa, um jornalista atuante, que inclusive trabalhou aqui na Assembleia Legislativa durante muito tempo. Mais que jornalista ou escritor, ele é um cronista, um observador da cidade que transforma o que vê em texto.

Coordenador Beneti Nascimento

O Gilson escreveu sobre Cleomar Brandi e, para quem o conheceu, percebe-se o cuidado em retratar essa figura marcante da crônica sergipana, mesmo diante de suas dificuldades físicas. Ele também se debruçou sobre a história da quadrilha Século XX, uma das mais tradicionais de Sergipe, com mais de 60 anos de atuação. Mergulhou no universo do marcador, Joel Reis, e produziu um documentário em vídeo. É um autor que escreve muito e registra nossa cidade com afeto e profundidade.”

Reconhecimento da importância cultural

O presidente da quadrilha Século XX, Major Joel Reis, falou sobre a relevância da obra e da dedicação do autor:

“Só tenho a parabenizá-lo por esse trabalho maravilhoso que ele vem fazendo, se dedicando à nossa arte sergipana, na cultura, na arte da quadrilha. Isso é muito importante para o nosso povo, ter ele como representante da arte. Cada página que a gente passa, cada história que a gente percebe, a gente vê uma emoção em cima da outra. E a história é real. Todas as histórias ali são reais. Eu acompanhei de perto ele fazendo as entrevistas com os familiares, com meu pai, com minha mãe, com todos. É história real. Tem histórias que a gente começa a ler e começa a se lembrar e a sorrir. São coisas importantes que vão ficar marcadas na história da quadrilha Século XX. O Encontro com o Autor Sergipano é um bate-papo, uma conversa para colocar os assuntos em dia, a nossa cultura em dia. É importante principalmente para quem fundou e para quem criou essa quadrilha. Parabenizo a Assembleia por esse momento maravilhoso.”

Palavras do autor

Gilson agradeceu o convite e reforçou a relevância da aproximação entre escritores e leitores:

Gilson Sousa

“Ser autor de livro hoje no Brasil, talvez até em outros países, é uma tarefa um tanto inglória. Não é fácil, porque a leitura vem perdendo espaço na vida das pessoas. Projetos como este, da Escola do Legislativo, que aproximam quem escreve de quem lê, são de extrema importância. Sobre o livro que está sendo apresentado, a Quadrilha Século XX é um referencial para a cultura junina de Sergipe, do Nordeste e do Brasil. Hoje, ela está entre a segunda e a terceira quadrilha mais antiga do país em atividade. Por si só, essa história já merece estar num livro. O que temos foi feito há quase dez anos e está na hora de atualizar, pois há muito mais a ser contado.

Ao refletir sobre o valor do livro enquanto objeto cultural e sua função social, o autor destacou a importância de ampliar o acesso à leitura e de valorizar a produção artística local. Se reportando ao ofício e ao produto, acrescentou:

“O livro é um produto caro, principalmente pelo custo do papel, o que dificulta o acesso. É preciso ter consciência social de levar o livro a quem não pode comprar. Já fiz várias doações para bibliotecas comunitárias, tanto de obras minhas quanto de outros autores. A cultura sergipana é riquíssima em todas as expressões: dança, literatura, pintura, música e tudo isso cabe dentro de um livro. Registrar essas histórias e torná-las acessíveis é fundamental.”

Ausência de alunos nesta edição

Nesta edição, a presença dos alunos, costumeira no projeto, não foi possível devido ao reinício do período letivo. De acordo com Beneti:

“Lamentavelmente, hoje, com o retorno das aulas, não vamos poder contar com os estudantes na plateia. Geralmente, nesse grupo, sempre aparece quem gosta de escrever, fazer perguntas e interagir com o autor. Estamos tentando não deixar morrer essa tradição de realizar, uma vez por mês, o “Encontro com o Autor”

Assim, o projeto segue reafirmando o papel da Assembleia Legislativa na valorização da produção literária e da memória cultural, proporcionando um espaço de diálogo e reconhecimento para autores que se dedicam a preservar e narrar a história e a cultura de Sergipe.

Fotos: Jadilson Simões / Agência de Notícias Alese