4/3/2022
Por Aldaci de Souza/Alese
A violência de gênero na política foi o tema do programa Elas no Comando, apresentado nesta quinta-feira, 3, pela jornalista Aline Braga, destacando que todas as mulheres que estão na política, ainda sofrem preconceito durante o
exercício de suas prerrogativas constitucionais. Segundo dados da ONU mulheres, 45% das mulheres em espaços políticos já sofreram ameaças e 25 % sofreram violência física no espaço parlamentar.
No programa foram entrevistadas a vereadora do município de Pedreiras, no Maranhão, Katyane Leite que teve o microfone arrancado pelo colega parlamentar Emanuel Nascimento durante sessão na Câmara Municipal e a vereadora por Aracaju, Linda Brasil (PSOL), que em novembro de 2020 registrou um boletim de ocorrência para denunciar ataques de cunho racista e transfóbico em redes sociais e através de áudios em grupos de whatsapp.
“Todas as vezes que eu vejo essa cena ocorrida em outubro de 2021, fico chocada e angustiada. É muito difícil passar por tantos desafios e obstáculos durante a campanha eleitoral, chegar no Parlamento e se deparar com esse tipo de situação. A gente observa que o sexismo, o machismo, o preconceito e a discriminação continuam existindo. Nós mulheres que fomos eleitas, temos o dever moral de exigir respeito, independente de gênero e raça”, ressalta acrescentando que abriu processo contra o vereador, que continua andando.
De acordo com a vereador Linda Brasil, é preciso denunciar esses tipos de ataques. “Todas essas tentativas de deslegitimar e desqualificar a nossa atuação porque tenho certeza de que se fosse outro homem, não teria acontecido um episódio desse. Estamos chegando a quatro anos do assassinato brutal de Mariele Franco e esse assassinato tem a ver com a violência de gênero na política que sempre foi dominada por homens. Nós estamos incomodando principalmente por não compactuar com esse pensar em calar a nossas vozes”, entende.
Linda Brasil disse acreditar que a violência sofrida como tentativa de calar a sua voz, tenha sido pelo fato de ter sido eleita a primeira mulher trans vereadora em Sergipe. “Fui a mais bem votada concorrendo com mais de 700 candidatos e isso incomodou várias pessoas, entre elas, candidatos que não se elegeram e eu comecei a receber vários ataques em relação a minha condição de mulher. Ter uma mulher trans, travesti e ainda mais, eram ataques que tinham embasamento a questão religiosa, dizendo que eu não era filha de Deus e não tinha condições de ser vereadora e o povo de Aracaju tinha cometido um erro em colocar um ‘demônio’ na Câmara. Isso dói muito”, lamenta Linda Brasil.
Dados
O Elas no Comando mostrou que segundo da Organização das Nações Unidas -ONU Mulheres, 82 % das mulheres em espaços políticos já sofreram violência psicológica; 45% já sofreram ameaças; 25 % sofreram violência física no espaço
parlamentar; 20%, assédio sexual; e 40% das mulheres afirmaram que a violência atrapalhou sua agenda legislativa.
O programa relembrou que em dezembro de 2020, imagens veiculadas pela imprensa chocaram os brasileiros. Nelas, a deputada Isa Penna (PSOL) era assediada sexualmente por outro deputado durante uma sessão da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), na frente dos colegas parlamentares e de outras pessoas presentes.
Foto/Reprodução Agência de Notícias Alese