25/07/2022
Por Aldaci de Souza/Agência de Notícias Alese
Internacionalmente o dia 25 de julho de 2022 marca os 30 anos do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana, Caribenha e da Diáspora, uma data que foi marcada pelo movimento de mulheres negras quando se reuniram, em 1992, em Santo Domingos-República Dominicana para combater o preconceito racial e o machismo, uma luta pelos direitos humanos e o bem viver. No Brasil nesta segunda-feira, 25, é comemorado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, por meio da Lei nº 12.987/2014 (“Rainha Tereza” liderou a resistência do povo negro à frente do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso, durante o século XVIII).
As datas são valiosos instrumentos históricos para que a sociedade reflita sobre temas que anda afligem as mulheres negras, a exemplo do racismo, o machismo, a opressão de gênero e a exploração, a baixa representação política, direitos sexuais reprodutivos, família, maternidade e paternidade; sexualidade; uma luta que vem desde a escravidão até os dias atuais.
Brasil
Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que deu visibilidade ao papel da mulher negra na história brasileira. Ela liderou por 20 anos, a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia. Tereza se tornou a rainha do quilombo após a morte do companheiro, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído e a população foi morta ou aprisionada.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade da população do Brasil é negra 63% das casas chefiadas por mulheres negras estão abaixo da linha da pobreza. Estudos mostram que as mulheres negras permanecem sendo as mais exploradas e negligenciadas social e economicamente, além de mais atingidas pela violência. O Anuário Brasileiro da Segurança Pública de 2021, mostra que entre as vítimas de feminicídio, 61% eram negras, 36,5% brancas, 0,9% amarelas e 0,9% indígenas. Entre as vítimas dos demais homicídios femininos, 71% eram negras, 28% eram brancas, 0,2% indígenas e 0,8% amarelas.
Ainda de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Sergipe é o terceiro estado com maior risco relativo de vitimização letal de mulheres negras do país com uma taxa de 4,4, no ano de 2019. Em relação ao percentual de mulheres negras vítimas de homicídios, o estado aparece em segunda posição com o percentual 94% e das mortes registradas em 2019, 94% eram mulheres negras e 6% não negras, o que demonstra a necessidade de políticas públicas para o enfrentamento das altas taxas de violência contra a mulher.
Julho das Pretas
Em 2013, o Odara (Instituto da Mulher Negra) deu início a uma ação denominada Julho das Pretas, com organizações e movimento de mulheres negras do Brasil, voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade.
A ação destaca temas sobre a superação das desigualdades de gênero e raça, colocando a pauta e agenda política das mulheres negras em evidência. Em 2022, o tema escolhido é “Mulheres Negras no Poder, Construindo o Bem Viver”. A 10ª edição realizará 427 atividades desenvolvidas por organizações de mulheres negras em 18 estados brasileiros.
Alese
Na Assembleia Legislativa de Sergipe, a dramaturga do Grupo Teatral Imbuaça e professora Valdice Teles já recebeu destaque (durante homenagem feita pela então deputada Ana Lúcia Vieira) em comemoração ao Dia Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha. Sergipana de Riachuelo, Valdice Teles enfrentou a cultura dominante, o patriarcalismo e o preconceito racial, tendo a história de resistência política através da arte sido eternizada.
Foto: Divulgação Fundação Palmares