Por Aldaci de Souza – Agência de Notícias Alese
A deputada estadual Linda Brasil (Psol) trouxe à tona preocupações sobre a realização dos festejos juninos no estado de Sergipe durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), de ontem, 21. Em seu discurso, ela destacou a importância de direcionar a atenção para a cultura e expôs graves problemas relacionados à falta de transparência e gestão inadequada dos recursos públicos destinados aos eventos juninos.
Linda ressaltou que, enquanto o governo abre os cofres públicos para os festejos sem licitação e outros controles devidos, a população sergipana enfrenta humilhação e até violência para ter acesso aos eventos. “O despreparo e a desorganização do governo foram responsáveis pela violência policial sofrida pela população sergipana, ao tentar aproveitar a programação dos festejos juninos, que deveria ser democrática, de acesso livre para todas as pessoas. Até hoje tenho recebido denúncias referentes ao dia 15 de junho, quando a população do Arraiá do Povo foi recebida com tiros, spray de pimenta e gás lacrimogêneo”, denunciou a parlamentar contestando os altos valores pagos a uma empresa para montar a estrutura do Arraiá do Povo, que ocorreu por meio de dispensa e não licitação.
Os gastos exorbitantes foram outro ponto destacado por Linda Brasil, que criticou os altos custos da realização dos festejos juninos em Aracaju, que já ultrapassam 4 milhões de reais. “Enquanto artistas de renome recebem cachês elevados, a falta de espaço e remuneração adequada para artistas locais é evidente. É surreal a disparidade, a desvalorização dos nossos artistas. Enquanto serão pagos 420 mil reais ao artista Xand Avião, a Quadrilha Século XX receberá apenas 2 mil reais. Lamentável. 2 mil reais repartidos entre uma quadrilha inteira. É uma conta que não bate”, criticou a deputada.
Linda Brasil enfatizou a necessidade de valorizar a cultura sergipana durante todo o ano, destacando a diversidade de expressões culturais presentes no estado. “Temos uma grande riqueza cultural a ser mostrada durante todo o ano, não só no período junino. Temos cinema, teatro, literatura, artes plásticas, dança, grupos de cultura popular, artes visuais, artesanato e o movimento hip hop que tem se destacado cada vez mais, mesmo sendo um segmento cultural que ainda é considerado marginalizado e quase sem apoio do poder público. Por isso, chamo a atenção de todos vocês e das gestões municipais para duas situações de extrema urgência que estão ocorrendo em Sergipe.
A deputada também chamou atenção para duas situações urgentes que requerem ação imediata. A primeira é a necessidade de envio dos planos de ação para receber os recursos da Lei Paulo Gustavo, cujo prazo expira em 11 de julho. Ela apontou que, embora o plano de ação da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) já tenha sido enviado e aprovado, muitos municípios não priorizaram o envio, o que pode estar relacionado ao repasse direto dos recursos aos trabalhadores da cultura, não sendo executados pelos municípios. “É preciso enfatizar que esses recursos já estão disponíveis e todos os municípios têm direito a eles. Por isso, convido toda a população sergipana a se unir nessa luta para pressionar as gestões municipais a enviarem os planos de ação, para que artistas de todo o estado possam ser contemplados com uma verba que lhes é de direito e que não está recebendo a devida prioridade por parte das gestões”, convocou.
A segunda situação diz respeito ao Sistema Nacional de Cultura, conhecido como “SUS da Cultura”. A deputada ressaltou a importância desse sistema para o desenvolvimento e fortalecimento da cultura no Brasil, destacando a necessidade de compreendê-lo em sua totalidade e proporcionar o apoio adequado.
