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Cultura: Sessão Especial na Alese marca os 50 anos do movimento hip hop

Por Milton Alves Júnior | Agência de Notícias Alese

Manifestação artística com mais de 50 anos de história, o Hip-hop surgiu no final do século XX, sobretudo no início dos anos de 1970, nas comunidades afro-americanas do subúrbio de Nova York. Diante do fenômeno musical atingido pelos guetos dos Estados Unidos da América (EUA), foi a partir do ano de 1979, após a gravação da música ‘Rapper’s Delight’, do grupo Sugarhill Gang, que o ritmo inicialmente constituído no som da cadência da marcha dos soldados, passou a ser observado por países foram do continente Norte-americano. No Brasil, por exemplo, há registros históricos indicando que na primeira etapa dos anos 1980, o Estado de São Paulo passava a consumir mais este estilo de arte, moda, letra e melodia.

Enraizado no contexto social com protagonismo nos atos de violência e criminalidade, produtores musicais começaram a observar que o hip hop passava a contribuir para o lazer de milhares de jovens em situação de rua, ou de amplo impacto financeiro. Este movimento permitiu que a população com vulnerabilidade social encontrassem na música, poesia, dança e na pintura uma forma de manifestação da sua realidade e contestação. A igreja também identificou esse poder como caminho de salvação e acolhimento. Dentro das suas cinco décadas de criação, o hip hop gospel, por exemplo, aprecia e dispõe de forte perpetuação entre os jovens evangélicos de periferia. As letras das músicas do hip hop gospel discutem a realidade social, mas sempre com uma lição e mensagem de fé.

Luta e resistência

“Essa Sessão Especial é fruto de um processo de auto-organização do movimento sergipano, que fez um esforço de recuperação histórica, e construiu um importante inventário da população cultural em nosso estado. Hoje, neste espaço repleto de luta e resistência, estamos aqui para reverenciar e homenagear não apenas o hip hop em si, mas também às pessoas, que geralmente constroem o movimento com muita coragem ao longo dessas décadas e contribuíram incansavelmente para a construção desta importante histórica. O hip hop é muito mais do que uma manifestação artística”, destacou a deputada. Sobre as referências citadas por Linda Brasil, está Iza Jakeline, articuladora e incentivadora das mulheres no hip hop.

“O dia de hoje é tão representativo, tão grandioso para que a nossa voz e nossas expressões tenham espaço, que decidi escrever meu discurso como forma de me sustentar nos momentos de alta emoção. Nós, mulheres pretas, na realidade não tivemos abertura neste movimento. Com a nossa força e empoderamento, batemos com a perna na porta dos manos e conquistamos nosso espaço. Hoje, trabalhamos juntas e juntos com a perspectiva de traçar nossos caminhos de luta e resistência; há mais de 30 anos estamos permitindo que a voz dos pretos e pretas periféricos conquistem mais espaços como estes. A persistência também é uma virtude deste movimento”, defendeu.

Durante a Sessão Especial foram homenageados: Verônica Paiva; Gilvan de Andrade; Líria Regina Ramos de Melo (Lírika); Huldenio Bruno Santos (Feroz); Kaluanã Oribá Vicente dos Anjos (Mano Silva); Igor Vinícius de Jesus Santos; Anne Caroline Silva Santos; Renata Carvalho dos Santos; Dalvam de Jesus Alves do Nascimento (Dexter); Ieda Jully Souza Santos (Jhuly Souza); e Kathia Cristina Silva Couto. Na concepção da deputada autora da propositura, apesar de pequeno, geograficamente, o Estado de Sergipe é referência nesta trajetória. A deputada enalteceu, também, que a Alese contribui para que a construção do movimento fortaleça a cultura popular.

“Sergipe desempenhou um papel fundamental na construção do decreto nacional que visa reconhecer o movimento como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, marcando esse reconhecimento como parte das celebrações pelos 50 anos deste movimento. Infelizmente o movimento hip hop em nosso Estado ainda enfrenta invisibilidade e criminalização por parte das autoridades. Esta Assembleia Legislativa é, portanto, o lugar ideal para que os protagonistas dessa cultura tomem seu merecido espaço e para prestarmos a devida homenagem a todos os representantes dessa incrível jornada de construção e resistência”, completou Linda Brasil. Outra referência citada pela deputada está Anderson Hot Black. Figura pública, foi apresentador do Programa Periferia, exibido na TV Aperipê nas duas primeiras décadas deste novo milênio.

Sucesso nos guetos sergipanos, Anderson foi convidado pela TV Cultura para desenvolver o mesmo estilo de gravação e mídias, em periferias de outros estados brasileiros. “No Brasil e nos demais países onde o hip hop está presente, o preconceito, lamentavelmente atrelado à criminalidade, sempre foi enfrentado por todos nós. O ‘Periferia’, como tantos outros projetos bacanas desenvolvidos em nosso país, contribuiu para pudéssemos quebrar um pouco essa barreira. Aqui em Sergipe a Lei 8.055/2015 ajudou bastante neste processo lento, porém contínuo; a realização de mais uma Sessão Especial aqui na Assembleia Legislativa fortalece a esta luta. Agradecemos pela iniciativa e espaço aberto, em especial através da deputada Linda Brasil”, avaliou Hot Black.

Presenças

Durante a Sessão Especial, estiveram presente representantes do movimento hip hop com atuação nos municípios de Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, Pirambu, Laranjeiras, São Cristóvão, Lagarto, Itabaiana, Itaporanga D’ajuda e Tobias Barreto. Também prestigiaram a Sessão, representantes das articulações de juventude do governo de Sergipe e da Prefeitura de Aracaju. Ao lado da deputada Linda Brasil, a mesa foi composta por Emanuele Caiane Dantas Vieira (Manu Caiane); Yala Thamires Souza Santos; Iza Jakeline Barros da Silva (Negratcha); Gerffeson Santos Santana (Mano Sinho); Pérola Lavinny Pereira Vieira; além da vereadora por Aracaju, Professora Sônia Meire (Psol).

Fotos: Joel Luiz | Agência de Notícias Alese

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