Por Milton Alves Júnior | Agência de Notícias Alese
De autoria da deputada Linda Brasil (Psol), a Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese), realizou na manhã desta segunda-feira, 20 de novembro, uma Sessão Especial em alusão ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. Instituída oficialmente pelo Governo Federal no ano de 2011, por meio da Lei nº 12.519, a data busca impulsionar a reflexão sobre temas os quais envolvem o racismo estrutural enfrentado diariamente no Brasil, bem como ampliar os debates na busca por mecanismos capazes de enfrentar o ato criminoso de interligação racial durante os demais meses do ano. Atendendo ao convite feito pela parlamentar, a atividade em plenário foi prestigiada por ativistas com atuação em todas as regiões do Estado de Sergipe. Doze pessoas receberam homenagens em reconhecimento à luta desempenhada ao longo dos últimos anos.
Durante o respectivo pronunciamento, Linda Brasil enalteceu que, de forma incansável, os homenageados trabalham na luta por uma sociedade igualitária e sem racismo. Por este motivo, a deputada defendeu que estas ações devem ser reconhecidas pela Casa Legislativa. “Precisamos promover e valorizar a influência africana, que está presente nas religiões, gastronomia, política, vocabulário, educação e danças, entre outras. Para isso, precisamos de políticas públicas e que elas sejam efetivadas, como a importantíssima Lei nº 10.639 de 2003 que obriga o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas. É surreal que Sergipe ainda não possua Secretaria de Igualdade racial, e que não exista nenhuma política do governo para o enfrentamento do racismo no nosso estado. A representatividade é importante justamente por inspirar outras pessoas negras a ocuparem posições de poder e reivindicarem seus espaços, tanto no mercado de trabalho quanto em outros locais”.
Ao lado da deputada anfitriã, a mesa foi composta por Alicia Santana Salvador, representante do Movimento das Catadoras de Mangaba de Sergipe – grupo foi criado em 2007, a partir da auto-organização das mulheres extrativistas; ela também compõe o Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais. Convidada para compor o dispositivo de honra, Linda Brasil anunciou Bruna Cristina Bittencourt dos Santos, representante do Fórum Negras de Sergipe, militante do Movimento Olga Benário e da Unidade Popular. Stella Gonçalves de Carvalho, representando o Circuito Mulungu; Virley Santos, Professora de História, ativista precursora do Movimento Negro de Sergipe, e da União dos Negros de Aracaju, em 1986. Mestre em políticas públicas de saúde, referência na luta em prol das pautas LGBTQIA+ e das comunidades negras, Andrey Roosewelt Chagas Lemos ocupou a cadeira ao lado esquerdo da deputada.
Sob intensos aplausos, Andrey Lemos, natural de Aracaju, foi condecorado com a Comenda Senador Abdias Nascimento, em sinal de reconhecimento por sua defesa pelos direitos humanos das pessoas LGBT e negras, sobretudo com foco em educação para diversidade, relações étnico raciais bem como equidade de direitos e na saúde. “Estou agradecido, e revelo que bastante emocionado em estar neste espaço com direito a dar voz para cada uma das nossas lutas. Hoje represento cada brasileiro que enfrenta inúmeras barreiras em um país que persiste na manutenção do racismo, na desigualdade social, e no descompromisso com a cidadania. Nesta data, que toda saudação seja ao Quilombo dos Palmares, primeira experiência socialista do mundo, que decidiu enfrentar o sistema, a opressão e batalhar pelo fim do legado de desigualdade no Brasil”.
Representatividade
Tutora de um cenário pessoal compartilhado por milhões de mulheres em todo o país, Alícia Santana chamou a atenção para que gestores públicos, parlamentares e sociedade em geral busquem desenvolver ações consistentes, capazes de combater a censura direcionada para as pessoas negras. “Sou uma mulher preta, pescadora e ativista, divorciada, porém com muito orgulho autora do meu lar ao lado dos meus seis maravilhosos filhos. O dia 20 de novembro trata-se de um momento que nos permite ecoar com maiores decibéis a nossa busca pelo direito de viver e estar presente em todos os espaços sem que sejamos perseguidos, abordados e humilhados devido aos nossos trajes, etnia ou crença. Saúdo a deputada Linda Brasil e também a vereadora Sônia Meire por sempre estar presente nas nossas lutas e abraçando os nossos pleitos humanitários”, destacou.
Homenagens
A Sessão Especial foi concluída no início desta tarde com a entrega de homenagens entregues pela deputada Linda Brasil. Receberam o reconhecimento: Wanessa Fortes Batista, representante do Movimento Negro Unificado, e coordenadora do Coletivo N’ativa; Greicy Paula Campos Correia, representante da Associação de Travestis e Transexuais Unidas na Luta pela Cidadania (Unidas); Elaine Cristina Santos, integrante do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, e do Movimento Promotores da Inclusão; Victor Henrique Jason, militante do Núcleo Sergipe da União de Negras e Negos por Igualdade; Roberto Amorim, representante do Coletivo Antirracismo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica do Estado de Sergipe (Sintese); e, Luciana Oliveira Vieira, representante do Fórum Audiovisual de Sergipe, mestra em Cinema e Narrativas Sociais, além de doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Completam a lista: Rogério Santos Alves, integrante do Grupo Teatral Boca de Cena, mestre em Culturas Populares pela (UFS); José Luiz dos Santos – Mestre Sasi Quilombbola –, representante do Quilombo Urbano Maloca, certificada pela Fundação Cultural Palmares (FCP); Valtênisson Januário dos Santos, membro do Projeto Pelo Certo, o qual atende as áreas da educação, cultura esporte e comunicação em regiões periféricas de Aracaju; e, por fim, Alexandre Marques Ramos, pertencente ao Projeto Cozinha da Vó, fundador do Comitê Ambiental Quilombola (COAMQUI), e diretor de projetos da Associação de Moradores da Mussuca, localizada no município de Laranjeiras, região da Grande Aracaju.
Fotos: Jadilson Simões | Agência de Notícias Alese