8/2/2022
Por Aldaci de Souza/Alese
O deputado Capitão Samuel Barreto (PSC) repudiou na Sessão Plenária desta terça-feira, 8 na Assembleia Legislativa de Sergipe uma ação de protesto que teria sido comandada pelo vereador de Curitiba, Renato Freitas (PT). Ele exibiu uma matéria em que algumas pessoas entram com bandeiras na Igreja do Rosário quando da celebração de uma missa no último domingo, 6, fazendo um manifesto contra o racismo. O deputado solicitou a assinatura dos colegas em uma Nota de Repúdio a ser encaminhada à Câmara Municipal da capital paranaense.
“Eu gostaria de contar com a assinatura de todos para que possamos encaminhar uma Nota de Repúdio à Câmara de Vereadores de Curitiba, pois no Brasil existe a Lei Nº 7.716 que trata da intolerância religiosa, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei Nº 9.459 de 13 de maio de 1997, considerando crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões que é o que esse vereador claramente praticou. Quero alertar os cristãos de todo o país, sejam católicos, evangélicos ou de qualquer outra religião para que não silenciem diante de uma prática criminosa desta. Eu sou cristão e vou reagir”, observa.
Capitão Samuel lembrou que o Dia da Intolerância Religiosa é comemorado em 21 de janeiro e parabenizou as religiões de matriz africana. “Quero parabenizar pela união, pela luta na defesa e na tolerância religiosa. “A data foi escolhida porque no dia 21 de janeiro, um candomblé foi invadido e uma praticante da religião morreu nessa invasão. Hoje, mais de 50% das religiões brasileiras é formada por cristãos, evangélicos ou católicos e não vão reagir a invasão a uma igreja; vão ficar quietos?”, indaga acrescentando ser preciso que se defenda a prática religiosa de cada um.
Na nota, o parlamentar destaca a prática de agressividade e ofensa relatadas pela Arquidiocese de Curitiba. “O ato se trata de uma ação de profanação injuriosa em que a lei e a livre cidadania foram agredidas, quando o vereador Renato Freitas conduziu dezenas de pessoas com bandeiras de partidos políticos a entrar à força num templo, invadindo a igreja e gritando palavras de ordem como racistas e fascistas. Durante a invasão, várias pessoas que estavam cultuando a sua fé foram empurradas e isso atinge a todos os cristãos e nós precisamos reagir de forma muito forte. Cruzar os braços num momento como esse é aceitar a intolerância religiosa”, acredita.
Apartes
Em apartes a deputada Goretti Reis (PSD) lamentou o fato e afirmou que se somará ao repúdio do deputado Capitão Samuel. “Fatos como esse deixam a sociedade indignada com a falta da respeito ao local que a gente considera como sagrado para os fiéis. Precisamos respeitar as diversas manifestações religiosas sejam da Igreja Católica, da Igreja Evangélica, dos espíritas e dos praticantes das religiões de matriz africana. Ele não poderia chegar pelo fato de ser vereador e achar que tem o direito de invadir e fazer manifestações, quando existem espaços públicos e outros locais para se manifestar. Cada um tem a sua ideologia, mas é preciso ter limites e respeito à sociedade”, entende Goretti Reis.
O deputado Dr. Samuel Carvalho, que é evangélico, também aparteou o discurso do colega Capitão Samuel.
“Quero manifestar a minha solidariedade e me colocar a disposição para subscrever essa Moção de Repúdio muito importante, pois a intolerância religiosa tem aflorado em todo o Brasil. Recentemente vimos um episódio em que um rapaz entrou numa igreja evangélica e matou a mãe de um cantor (uma senhora com 90 anos de idade) com uma pedrada. É muito importante esse tema trazido para o plenário para que as pessoas possam respeitar a vida de todo mundo, independente de credo, opção religiosa e tendências com relação às questões religiosas. Nada justifica entrar em um templo religioso para protestar, indo de encontro a um princípio básico da Constituição Federal que é a liberdade de culto”, enfatiza.
Fotos: Jadilson Simões/Alese
*Matéria atualizada às 14h03 do dia 8.2.2022