Na instalação da 19ª legislatura da Assembleia Legislativa de Sergipe, na manhã desta sexta-feira, 15, o governador Belivaldo Chagas (PSD), leu a mensagem com destaque para a renovação da democracia e das circunstancias adversas que Sergipe atravessa. Na oportunidade, ele solicitou ao presidente da Alese, um espaço para mostrar um diagnóstico à sociedade por meio de relatórios, da real situação financeira do estado, prometendo ser transparente.
“A realidade que atravessamos nos impõe, em primeiro lugar, uma atitude de reflexão a propósito da responsabilidade imensa que recai sobre os nossos ombros. É imprescindível que possamos encontrar um ponto de convergência política e administrativa. Essa convergência se tornará possível porque o interesse público determina que assim aconteça”, destaca.
Sobre o processo eleitoral, Belivaldo Chagas garantiu que as últimas eleições não deixaram sequelas, nem geraram animosidades irremovíveis. “Prevaleceu durante o embate eleitoral a civilidade, que se faz cada vez mais um componente virtuoso da nossa forma sergipana de fazer política. Divergimos e discutimos às vezes de maneira incisiva, mas nos respeitamos mutuamente, enquanto defendemos ideias, pontos de vista, métodos de ação, com o foco no aperfeiçoamento da governança e no ramo que melhor traduza os anseios da sociedade”, ressalta.
Crise
No discurso, o governador de Sergipe deixou claro que nada se alcança, principalmente em tempos de crise, sem que sacrifícios sejam compartilhados através de uma pactuação tornada possível pelo diálogo e o entendimento.
“Temos procurado equalizar os nossos gastos, priorizar o essencial, suprimir o que seja adiável e eliminar o supérfluo. Numa crise como a que temos vivido, agravada em Sergipe pelo desmonte de uma parte das atividades petrolíferas, importantes para a geração de receita e fortalecimento do poder aquisitivo dos sergipanos, em paralelo ao desaceleramento da construção civil, houve a intensidade rara de uma estiagem que nos castiga há seis anos, e ainda persiste, mantendo municípios em estado de emergência e obrigando o governo a adotar ações ditadas pela urgência, como a construção em ritmo acelerado de uma adutora vinda de Itapicuru, na Bahia, para garantir o abastecimento em Tobias Barreto, onde a barragem do Jabebri secou completamente”, lamenta.
Fafen
Belivaldo Chagas classificou como decisão equivocada tomada pela Petrobras em relação à Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN), matriz essencial de uma ampla cadeia produtiva, ameaçada de esfacelamento.
“As indústrias de fertilizantes que utilizavam os insumos fornecidos pela FAFEN, estão ameaçadas, a frota de caminhões empregada no transporte dos produtos aqui gerados está sendo desativada, a economia da região da Cotinguiba toda ela beirando uma situação de colapso”, destaca,
Relatórios
O governador solicitou ao presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, deputado Luciano Bispo (MDB), um espaço para apresentar relatórios sobre a real crise pela qual passa o Estado de Sergipe.
“Eu não quero governar sozinho e serei extremamente transparente; não podemos falsear com retoques amenizadores o retrato fiel da crise que enfrentamos e das dificuldades que acompanham o nosso dia a dia. Nos próximos dias nos reuniremos com os representantes dos poderes e em seguida, preciso vir até a Assembleia, por ser a caixa de ressonância da população para mostrar a situação financeira do estado que é extremamente grave. Entramos praticamente com cofres zerados e com restos de dívidas a serem pagas”, adianta.
Reformas
O governador de Sergipe falou também sobre as reformas por parte do Governo Federal. “Não é somente o novo pacto federativo que deverá ser construído, precisamos quase agoniadamente, das reformas, onde se incluem a tributária e necessariamente a política, avulta a Reforma da Previdência, objeto de tantas polêmicas. Qualquer cálculo atuarial feito com estatísticas e projeções matematicamente exatas, demonstrará que o sistema de previdência que temos é absolutamente insustentável e a médio ou, na melhor das hipóteses a longo prazo, levará a União, estados e municípios a uma situação de absoluta insolvência”, entende.
Carreta do câncer
Sobre a polêmica da carreta do câncer, se fica em Sergipe ou será devolvida, Belivaldo foi enfático:
“Em nenhum momento eu disse que não pagaria a carreta, mas não correrei o risco de pagar 2 milhões e 709 mil reais em uma carreta, sem que eu tenha a garantia de que os equipamentos ali colocados têm condições de serem mantidos com as devidas reposições de peças, dentro do comércio brasileiro”, avisa.
Ele visitou juntamente com uma comissão de deputados, representantes do Ministério Público Estadual e oncologistas, uma fábrica de carretas em Barretos. “Lá eu vi que a carreta custa 1 milhão e 700 mil reais. Lá eu vi um mamógrafo que custou 240 mil dólares. Nesta carreta temos a área de mamógrafo e de exames papanicolau. Na nossa, surgiu a possibilidade de aparelho de ultrassonografia, o que deverá encarecer o tratamento devido à exigência da presença de um médico. Na próxima semana estarei recebendo uma equipe de técnicos e físicos de Barretos, que se somarão aos profissionais da Universidade Federal de Sergipe, para que tenhamos uma posição”.
Ao final da leitura da mensagem, o presidente da Alese se colocou a disposição do governador para auxiliar a tirar o estado da crise. “Eu também estive em Barretos e fiquei encantado com a forma como lá eles tratam a saúde. Quero dizer que esta Casa vai fiscalizar, vai cobrar, mas também vai ajudar o Estado de Sergipe. Nós temos a responsabilidade de atravessar essa fase difícil que o estado está atravessando. Eu quero fazer justiça a todos os poderes e todos nós nos somamos para ajudar a governabilidade desse estado. Seremos uma Assembleia aliada ao nosso governador e ao nosso estado”, afirma.
Por Aldaci de Souza – Rede Alese
Fotos: Jadilson Simões