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​Audiência pública debate democracia e direitos civis a partir do legado de Martin Luther King

 

 

Nesta quarta-feira – dia histórico para os direitos civis no Brasil em um momento em que a democracia está ameaçada pela possibilidade de prisão do ex-presidente Lula – leigos, religiosos, militantes sociais e do movimento negro se reuniram para debater as contribuições de um dos maiores símbolos de defesa desses direitos, durante a Audiência Pública “Martin Luther King, o sonho e a conquista de direitos civis”.

 

Realizado pelo mandato democrático e popular da deputada estadual Ana Lúcia, o evento aconteceu no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe e contou com as palestras do professor Romero Junior Venâncio Silva, mestre em Sociologia pela UFPB, doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Pernambuco e professor adjunto da UFS, e do mestre em Ciências da Religião e bacharel em Teologia pela Universidade Católica de Pernambuco e doutorando em Sociologia pela UFS, Alexandre de Jesus dos Prazeres.

Ao destacar a trajetória de luta de Martin Luther King, a deputada estadual Ana Lúcia destacou que o pastor estava à frente das mais importantes mobilizações de massa de seu tempo. “Ele foi personagem fundamental na história de resistência e conquista de direitos civis pelo povo negro de seu país. Um símbolo que transcendeu as fronteiras norte-americanas para continuar inspirando, ainda em nossos dias, o sonho e a luta por liberdade, justiça social e plena igualdade”, resumiu a deputada.
Em sua brilhante exposição sobre a vida e o pensamento de Martin Luther King Jr., o professor Romero Venâncio convidou os presentes na Audiência Pública não a lembrar a morte de Luther King, mas, antes, a celebrar a sua vida de luta.  “Não quero lembrar o assassinato de Martin Luther King. Quero fazer com que sua memória se sobreponha a sua morte.  E em apenas uma situação, a morte não sobressai: quando fica a memória, a morte não venceu”,  destacou o professor da UFS.

Romero fez uma verdadeira análise sociológica sobre as contribuições de Luther King na luta contra o racismo e na defesa dos direitos civil nos Estados Unidos e em todo o mundo. Rememorando desde a recusa de Rosa Parks a aceitar o racismo, cedendo seu lugar a um homem branco em um ônibus na cidade de Montgomery, no racista estado do Alabama, Romero chamou a atenção para tantos lutadores e lutadoras que se levantaram contra o racismo estrutural.

 

“Lembremos Rosa Parks, Malcon X e Bob Dylan. Lembremos das negras e negros pobres norte-americanos defendidos por Luther King. Lembremos da Marcha sobre Washington e das 48 teses contra o racismo pregadas à porta de uma igreja em Chicago. Lembremos, acima de tudo, um homem que, como cristão, assumiu a vida em seu sentido mais radical. Lembremos sempre, do dia 4 de abril. Lembremos de Martin Luther King”, encerrou.

O professor Alexandre dos Prazeres, em sua apresentação, antes de pontuar os fatos que marcaram a biografia de Martin Luther King, versou sobre a teologia política que norteou a sua atuação como reverendo, uma teologia “político-apelativa” que conclama os cristãos a uma participação política ativa em defesa dos oprimidos. A partir da década de 60, na Europa e também na América Latina (com a Teologia da Libertação), a teologia passa a encarar um desafio: como dizer aos miseráveis, aos oprimidos, aos que padecem da falta de direitos, que Deus, que é seu pai, assiste passivamente a isso e que nada seja levantado em sua defesa pelos seus “representantes” religiosos?

Apontando as influências que determinaram a formação de Luther King Jr, o professor Alexandre indicou como determinante o ambiente familiar (o nome Martin Luther é tradução para Martinho Lutero), filho que era de um pastor batista. Não menos importante, discorreu sobre suas referências intelectuais: Henry Thoreau e seu clássico “A desobediência civil”; a leitura crítica de Karl Marx e, de forma especial, o método de ação política de Gandhi, da desobediência civil não-violenta.

Para o professor Alexandre, a maior contribuição de Martin Luther King para o movimento pelos direitos civis foi conscientizar os participantes sobre agir não violentamente, sobre não cultivar o ódio ou alimentar o ressentimento, o que ele chama de “militância norteada pelo amor cristão”. “Foi não tratar as pessoas como pinhões num tabuleiro de xadrez a serem sacrificados pela causa, foi sua motivação cristã baseada no amor aliada ao método de não violência de Gandhi”, resumiu.

 

Sobre Martin Luther King

Martin Luther King Jr nasceu em Atlanta, em 1929. Filho e neto de pastores batistas, estudou teologia. Em 1954, pastor em Montgomery, no Alabama, estado profundamente racista, liderou o movimento de boicote contra a segregação nos ônibus da cidade, deflagrando uma onda de mobilizações e um forte salto na organização política do movimento negro.

Influenciado pelos métodos de protesto pacífico de Gandhi, Martin Luther King é considerado o mais importante líder negro norte-americano na luta pela conquista efetiva de direitos civis, contra a discriminação racial e o segregacionismo.

Fundador da Conferência da Liderança Cristã no Sul, líder do boicote de Montgomery, da “Marcha sobre Washington”, dos protestos em Selma, mais jovem ganhador de um Prêmio Nobel (em 1964), organizou ainda campanhas contra a pobreza e participou ativamente do movimento contra a Guerra do Vietnã.

Perseguido ao longo de toda sua intensa trajetória política pelos racistas e pelos poderosos, intimidado pelo governo e o FBI, sofreu seguidas prisões, teve sua casa destruída e sua família constantemente ameaçada. No dia 4 de abril de 1968, foi assassinado a tiros, em Memphis, onde lideraria uma marcha. O dia de sua morte é, desde de 1986, feriado nacional nos EUA.

 

Texto e foto: Ascom Parlamentar

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