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Audiência histórica debate alternativas para evitar fechamento da FAFEN

Trabalhadores, lideranças sindicais e políticas, tomaram a Assembleia Legislativa de Sergipe na manhã desta sexta-feira, 23, para participar da histórica Audiência Pública “O Processo de Desmonte e Fechamento da FAFEN: Uma Visão dos Trabalhadores e Trabalhadoras”, realizada na manhã desta sexta-feira, 23. Proposta pela deputada Ana Lúcia, através da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, a audiência demarcou a unidade de todos os setores da vida política de Sergipe em torno da defesa da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN), após anúncio do encerramento de suas atividades, feito pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente que, por telefone, comunicou a medida ao governador Jackson Barreto no início da semana.
Rômulo Rodrigues

Rômulo Rodrigues/Foto: Jadilson Simões

O impacto do fechamento da FAFEN/SE, ao lado de outras unidades, na Bahia e no Paraná será enorme, conforme destacaram os participantes da Audiência. Além de provocar a perda imediata de um número significativo de empregos, a medida vai afetar diretamente toda uma cadeia produtiva que envolve trabalhadores terceirizados, diversas empresas, reflete na arrecadação tributária do estado e alcança a segurança alimentar da população, ao encarecer os custos da produção de alimentos, pois amplia a dependência dos fertilizantes importados.

Por meio de requerimento da deputada estadual Ana Lúcia, subscrito por outros parlamentares, foi criada a Comissão de Representação que acompanhará e propor ações para impedir o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FAFEN) em Sergipe. A comissão, presidida pelo deputado Antônio dos Santos, tem o papel de articular junto ao Congresso Nacional ações que revertam esse cenário de fechamento das fábricas de Sergipe, Bahia e Paraná, além de mobilizar a sociedade sergipana para a defesa da manutenção da fábrica no estado, assim como o emprego de todos os seus trabalhadores e trabalhadoras.
O deputado federal João Daniel informou que também foi formada uma Comissão pela Câmara dos Deputados com o objetivo de ouvir os governos da Bahia e Sergipe, o sindicato da categoria (Sindipetro), de trabalhadores e trabalhadoras da FAFEN Bahia e Sergipe, sobre a importância que tem as duas empresas para o nordeste e para o Brasil. A comissão está sendo encampada pela bancada Bahia e Sergipe, por meio dos deputados João Daniel e Caetano. Ele informou que está ainda sendo articulada uma audiência para discutir a importância da empresa para o  Nordeste e para o Brasil e uma reunião da Câmara e do Senado Federal com a presidência da Petrobras e a presidência da república sobre o tema.
“A população brasileira não admite a ideia de privatizar a Petrobras, pois ela é patrimônio do povo brasileiro. Este ataque a Petrobras não é apenas aos trabalhadores e trabalhadoras, nem a Laranjeiras, nem a Sergipe. O ataque à FAFEN e à Petrobras é um ataque frontal à soberania do nosso país”, destacou o dirigente do SINDIPETRO, Edvaldo Soares Leandro. “Nós seguiremos na busca daquilo blindaria a Petrobras: o monopólio estatal do petróleo”, completou o militante sindical.
O trabalhador aposentado da FAFEN, Rômulo Rodrigues, lamentou a decisão do fechamento da empresa e classificou-a como política e não econômica. “Trata-se de um castigo político, uma punição vingativa contra os trabalhadores dos estados de Sergipe e da Bahia, que tanto lutaram contra as tentativas de privatização (da então Nitrofertil) encetadas desde a década de 90. Nós, trabalhadores, sempre defendemos a empresa como propulsora do desenvolvimento desses estados. Nós, lutadores, não deixamos fortuna, deixamos legado”, avaliou.
João Bosco Fonseca, trabalhador aposentado da FAFEN, apresentou dados históricos relativos à implantação da empresa e números referentes a sua produtividade, exibindo slides e gráficos relativos à planta industrial, além de dados econômicos que desmontam a tese de que a empresa é geradora de “prejuízo”. “Trata-se de um prejuízo planejado”. A tese do prejuízo foi também combatida por Rômulo Rodrigues. “O prejuízo da empresa é mentiroso. Na realidade, é fruto de uma política de desinvestimento”, afirmou Rômulo.
Golpe do Golpe 
“É impossível lutar pela FAFEN sem lutar contra o golpe de Temer. Todos os impérios planejam ser impérios”, completou Aedmilsom, relacionando o fechamento de empresas como a FAFEN com a ofensiva imperialista estadunidense contra a soberania dos estados nacionais, como o Brasil.
“Desde o dia 17 de abril de 2016, o governo federal tem um programa que eles chamam de ‘ponte para o futuro’, mas a ponte para o futuro deste governo é a desnacionalização e a entrega de nossa riqueza. O Brasil tem a maior reserva de petróleo, de agua potável, minérios, terras agricultáveis e 200 milhões de brasileiros e brasileiras”, contextualizou o deputado federal João Daniel. “Não se trata apenas do fechamento da FAFEN, mas sim de um novo modelo de ‘desenvolvimento’ ”, resumiu.
O Coordenador do DIEESE, Luiz Moura, apontou que a mudança de visão estratégica da Petrobras, sob a direção de Pedro Parente, que defende que a empresa reduza suas atividades à exploração e venda de petróleo e gás. “Nosso desenvolvimento econômico está fortemente calcado na existência dessa empresa”, finalizou Moura.
Luta dos Trabalhadores da FAFEN é antiga
Romulo Rodrigues rememorou a luta dos trabalhadores da FAFEN desde 1983, ainda durante a ditadura civil-militar e creditou àquela luta a consolidação de toda uma geração de lutadores de esquerda que viriam a ocupar um espaço cada vez maior na política sergipana, a exemplo de Marcelo Deda, José Eduardo Dutra, Ana Lúcia, João Daniel. Fomo o único setor que venceu o neoliberalismo, os trabalhadores do setor de fertilizantes. “Não pense que a vitória está perdida”, finalizou.
O também servidor aposentado da FAFEN, Edmilson Araújo, também remontou a história de luta dos seus pares, destacando o papel dos trabalhadores da FANEN nas lutas sociais. “500 trabalhadores contra a ditadura numa fábrica de sonhos, presentes nas conquistas dos trabalhadores sem terra, solidária a outras categorias, presente na ocupação da PETROMISA. A consciência de classe nos tomou, onde houvesse uma luta, lá estávamos os trabalhadores da FAFEN”.
Edmilson relatou ainda a história de uma nova FAFEN que, a partir de 2003, irradiava políticas sociais para seu entorno e ressaltou a ligação estreita entre o desenvolvimento econômico e social da região do Vale do Cotinguiba com a FAFEN. “No que diz respeito à esperança, a FAFEN está para Sergipe como a Petrobras está para o Brasil. Estamos perdendo nossa humanidade, nossa capacidade de se indignar”.
Por Assessoria de Imprensa

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