Aconteceu no final da tarde desta segunda-feira (05), solenidade de entrega de Título de Cidadão Sergipano, aos artistas Raimundo Venâncio e Virgínia Lúcia da Fonseca Menezes. A propositura é da deputada Ana Lúcia Vieira (PT).
Segundo a parlamentar, Virgínia Lúcia e Raimundo Venâncio, são artistas não só da Arte Cênica, mas dois intelectuais. “Virgínia Lúcia é uma mulher que tem produzido muito para o teatro; seus textos têm sido premiados. A peça Quem matou Zefinha foi premiada no Chile e o Raimundo além de ser da área do teatro é um poeta, dramaturgo. Os dois são diretores de teatro e há muitos anos estão aqui contribuindo com a Cultura Sergipana. Virgínia, baiana e Venâncio cearense, que estarão recebendo na tarde de hoje o Título de Cidadão Sergipano”, ressalta Ana Lúcia.
De acordo com Raimundo Venâncio, tão logo chegou do Ceará, participou de um curso de teatro na Cultart, promovido pela Universidade Federal de Sergipe. “Foi nesse curso que eu conheci os grandes artistas de teatro em Sergipe: Virgínia Lúcia, Lindolfo Amaral, Isaac Galvão, Jorge Amaral. Ninguém me conhecia e eu tive um destaque no curso, que ocasionou o convite para fazer parte do Grupo Teatral Mambembe”, afirma.
Raimundo Venâncio informou que veio para Sergipe por meio do irmão que é médico, pesquisador científico e em 1983, fez parte da equipe que descobriu a vacina contra a cólera. “Ele foi para o Rio de Janeiro apresentar esse trabalho. No evento estavam todos os secretários de Saúde do Brasil e o secretário de Sergipe o convidou para vir trabalhar aqui em Sergipe, ele veio com minha mãe e meus irmãos e eu fui o último a vir”, destaca acrescentando que existem muitas dificuldades na carreira artística.
“A gente sempre fez teatro com muitas dificuldades, mas eu sempre busquei uma independência, produzi meus espetáculos procurando alternativas e prova disso são trabalhos bem aceitos fora do Estado e em outros países. Eu não tenho uma companhia própria, mas sou convidado por várias companhias”, diz.
Quanto à homenagem, Raimundo Venâncio disse estar muito feliz por estar sendo lembrado em vida. “É uma felicidade por um motivo muito básico. Nosso Estado tem tradição de homenagear políticos, doutores, empresários. É raro homenagear artistas e para a gente é uma felicidade estar sendo reconhecido num universo muito fechado de homenageados. Uma felicidade muito grande e o melhor é estar sendo homenageado em vida”, enfatiza.
Vivacidade
A atriz Virgínia Lúcia nasceu na Bahia, mas veio para Sergipe com 10 anos de idade. “A bagagem que eu trouxe para Sergipe foram duas canelas e um olho maior que tudo. Eu tinha 10 anos, mas acho que trouxe muita vivacidade. Minha mãe adotiva era sergipana de Nossa Senhora do Socorro e eu digo que sou sergipana que nasci na Bahia. Vivenciei a cultura de Salvador muito pouco e eu vim ter noção realmente do ser, do consciente aqui em Sergipe, a partir de 1967. Quando eu cheguei a Sergipe, brincava de circo, fui rumbeira, trapezista, tudo num pé de árvore na frente da casa. Era um prenúncio e depois passei pela experiência da primeira montagem na escola com Pluft, o fantasminha. Depois conheci Severo D’Acelino que estava montando uma peça na então Escola Técnica Federal de Sergipe e eu era uma das figurantes”, destaca.
Sobre a homenagem, Virginia Lúcia afirmou acreditar que talvez para algumas pessoas receber o Título de Cidadania Sergipana seja uma prova do status, do poder. “Mas para um artista é o reconhecimento e com certeza esse título não é só meu porque a cidadania não se constrói sozinha. Reconhecer a sergipanidade de Virgínia Lúcia é reconhecer a sergipanidade de quem andava com ela”, acredita.
Homenageados
Virgínia Lúcia é autora, diretora teatral, atriz, figurinista, professora de Artes Visuais com licenciatura e especialista em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), extensão em Direitos Humanos pela UFS/UFPB e capacitação em Elaboração e Gestão de projetos culturais pelo Ministério da Cultura/Fundação Getúlio Vargas. Recentemente recebeu o prêmio Abdias Nascimento, na Assembleia Legislativa de Sergipe.
Raimundo Venâncio é poeta, dramaturgo, produtor cultural e diretor teatral, fundador de várias companhias de teatro. Integrou o Grupo de Teatro Mambembe. Atualmente é gestor do Complexo Cultural Lourival Baptista e dirige a Companhia Kaza da Imaginação, que atua especificamente com projetos culturais.
Ele nasceu em Fortaleza e veio para Aracaju em 1985. Em 1986 atuou na peça de teatro do Grupo Mambembe, com a peça Quem Matou Zefinha que ficou famosa internacionalmente, falando da questão da moradia no Brasil.
A mesa foi composta pelo presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, deputado Luciano Bispo (PMDB), a autora da propositura, Ana Lúcia Vieira, o secretário de Estado da Cultura, Irineu Fontes; a deputada Maria Mendonça (PP), o deputado Georgeo Passos (PTC). e Ivo Adnil presidente do Sindicato dos Artistas de Sergipe
Na ocasião, a Companhia de Teatro da Alese, fez uma apresentação em homenagem aos artistas Virgínia Lúcia e Raimundo Venâncio. “Eu parabenizo os dois artistas e acredito que fazer Cultura e teatro em Sergipe, deve ser muito difícil. O ponto fundamental é ser feliz no que faz, a pior coisa é sair de casa pra fazer o que não gosta. Vocês que fazem a Cultura desse estado estão de parabéns, pois o teatro sempre foi a voz contra a ditadura. Essa Casa se sente orgulhosa, assim como damos o título a um desembargador, temos o prazer também de conceder aos artistas”, finaliza Luciano Bispo.
Por Agência Alese de Notícias
Fotos: César de Oliveira