A deputada Ana Lúcia Vieira (PT) destacou na sessão desta quarta-feira, 13, o assassinato da professora Ivânia Santana Souza Oliveira, 45, coordenadora do Colégio Estadual Guilherme Campos, no município de Campo do Brito. A parlamentar lamentou o aumento da violência contra os professores em Sergipe e enfatizou que tudo indica que a educadora tenha sido vítima de feminicídio (crime de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres).
“O assassinato da professora Ivânia, que é irmã da professora Mônica, uma militante do nosso movimento, foi uma barbaridade; um crime de mando. Eu estive no IML com a família, já estive na Secretaria de Segurança Pública e é realmente lamentável. A professora não estava em sala de aula e quando saiu no pátio da escola e entrou no carro, foi surpreendida por dois homens em uma moto que atiraram e na hora que os professores correram para socorrê-la, ela já estava morta. Não vamos aceitar especulações que foi aluno, porque ela não estava em sala de aula e quando estava atuando em sala de aula era muito querida. Estava adptada por conta de um acidente de carro que ela sofreu”, esclarece.
Ana Lúcia disse ainda estar preocupada com a perda de controle em relação ao comportamento humano.
“Perdeu-se esse controle no Rio de Janeiro, no Espírito Santo, em Goiás e em Sergipe. Aqui não se tem controle. Na verdade está sendo tratada uma instituição tão importante e estratégica como a escola, de forma leviana. Às vezes as crianças convivem mais tempo com os professores do que com as mães. O lugar de maior convivência social hoje é a escola, que está sendo escolhida para que aconteçam as tragédias da sociedade brasileira”, lamenta lembrando o crime contra o professor Christian, que sofreu tentativa de assalto na escola e hoje está paraplégico, além de outros professores que tiveram carros incendiados e sofreram violências dentro das escolas.
“Nós precisamos de uma posição. A Comissão de Educação da Assembleia precisa tomar posição porque a situação é gravíssima. As autoridades não estão respeitando os professores e os estudantes. O espaço institucional passa a ser espaço de violência. Nós precisamos desenvolver uma sensibilidade que vem sendo negada na sociedade de consumo. As imagens e os sons chegam na nossa casa, pregando a homofobia, o feminicídio. Tudo indica que o assassinato da professora foi um crime passional, os indícios são fortes pela própria característica. Não assaltaram, não pediram nada, mal ela chegou, já estavam esperando, atiraram e mataram”, acredita sugerindo a realização de programas sistemáticos voltados para a violência contra a mulher e o público LGBT.
Aumento da violência
Em aparte, a deputada Maria Mendonça, lembrou que nos últimos meses, 45 mulheres foram assassinadas em Sergipe e lamentou que o agravante de o assassinato tenha acontecido na escola.
“Não mataram apenas a professora Ivânia, mas a instituição escola. É preciso elucidar o crime. A segurança pública deve apurar, mostrar para a sociedade e ponte solução para um problema que é gravíssimo. As nossas escolas estão sendo invadidas pelos marginais. A Escola Nestor Carvalho em Itabaiana foi assaltada 11 vezes. Os professores se cotizam para comprar equipamentos roubados visando manter o nível de ensino. O marginal sabe que não tem vigia na escola. Essa situação é gravíssima. Precisamos de política pública para trabalhar as questões da violência e da falta de respeito”, enfatiza.
A deputada Goretti Reis (PMDB) afirmou também em aparte, que segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a taxa de feminicídio do Brasil é a quinta maior do mundo. “Temos muito o que fazer e percorrer para que a gente possa reduzir um dado estatístico tão ruim como esse divulgado pela ONU. Não só Sergipe, mas o Brasil como um todo, com um indicador tão ruim. A questão do machismo, a posse da mulher, o não posicionamento no mercado de trabalho, são as principais causas. Precisamos encontrar meios para mudar esses dados estatísticos”, entende Goretti Reis.
Por Agência de Notícias Alese
Foto: Fernanda Queiroz