Na tarde desta terça- feira (18), a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), realizou no plenário Pedro Barreto de Andrade, Audiência Pública sobre a Regulamentação da Vaquejada no Nordeste. A propositura, de autoria deputada estadual Silvia Fontes (PDT), tem como objetivo declarar apoio ao Movimento Vaquejada Legal, em decorrência da decisão judicial do Supremo Tribunal Federal (STF), proferida pelo Ministro Marco Aurélio, no último dia 06, onde declara a vaquejada inconstitucional no Estado do Ceará, abrangendo todo o nordeste.
De acordo com Silvia Fontes, “a discussão sobre o tema é relevante, uma vez que a vaquejada hoje é uma atividade desportiva e cultural, ao tempo mostrar a sociedade sergipana que o esporte é legal, onde existe todo um cuidado com o animal, e vários segmentos envolvidos, que vai desde a economia ao turismo”. A parlamentar disse ainda que “cem anos de tradição e cultura popular da vaquejada não pode ser banida dos calendários”.
Para o presidente da Alese, o deputado estadual Luciano Bispo (PMDB), “defender essa causa é nosso papel, é dever dessa casa”, afirmou acrescentando que “são milhares de pessoas que dependem do emprego, de onde tiram o sustento do seu lar, e além disso, existe a tradição cultural”, salientou.
Bispo acrescentou em seu discurso que se deve respeitar a decisão do STF e explicou a necessidade e o direito de esclarecer o tema com a sociedade. “Autorizei a criação de uma comissão da Alese para irmos ao TJ-SE e ao MPE para pedirmos o apoio a essa causa”, ressaltou.
Segundo o deputado Venâncio Fonseca (PP), a decisão do STF contra os vaqueiros do nordeste foi injusta e equivocada. Para ele, a vaquejada se trata de uma cultura nordestina de muitos anos, e milhares de pessoas dependem dessa profissão. ” A vaquejada está cravada nos corações dos nordestinos”, disse.
De acordo com a médica veterinária Juliana Araújo, a iniciativa da deputada Silvia Fontes é fundamental, uma vez que esclarece a população a cerca de tudo que envolve a vaquejada como atividade legal e desportiva. ” Na vaquejada não existe maus tratos com os animais, pelo contrário, existe um tratamento diferenciado com os animais, seja para os bovinos ou equinos, que vai desde a fiscalização dos animais, até a separação nos pastos”, frisou Juliana.
Ainda de acordo com Juliana Araújo, toda a vaquejada tem um veterinário habilitado responsável por atestar sobre a saúde do animal e sua aptidão para a prova; além de examinar os animais na sua entrada e saída da pista, bem como lidar com as emergências, explicou.
Para o advogado da Associação Sergipana dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha, Milton Eduardo, “a vaquejada é uma atividade esportiva e cultural, onde gera emprego, da movimento a economia. ” Na vaquejada os animais são preparados para serem atletas, além de serem animais inspecionados. Não há qualquer maus tratos com os animais”, afirmou.
Na ocasião, a mesa diretora foi composta pelos deputados estaduais, Silvia Fontes, Luciano Bispo, Luciano Pimentel, Venâncio Fonseca, Jairo Santana, além do Secretário de Estado do Turismo e do Esporte, Saulo Eloy Filho, do médico veterinário inspetor oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Quarto de Milha, Breno Cavalcante, Nelson Emanuel, representando as Associações de Vaquejadas de Sergipe e Roberta Franco, representando os criadores e empregadores do segmento da equino cultura.
História da Vaquejada:
A Vaquejada é uma tradição que vem de geração em geração há centenas de anos. Na sociedade atual além de mantenedor da cultura de uma região do país é a mola propulsora da economia dos Estados Nordestino. Sendo o carro chefe de toda a indústria do cavalo Quarto de Milha. A Vaquejada está contida como patrimônio cultural nordestino, que vem passado de pai para filho trazendo em suas raízes a tradição através do esporte, a criação de empregos diretos e indiretos e o sustento de milhares de famílias.
Grandes escritores e historiadores souberam transmitir em palavras a representatividade desta paixão nordestina, entre eles o cearense José Martiniano de Alencar, que escreveu em 1874 o livro: Puxada de rabo do boi; como também o norte-rio-grandense Luís da Câmara Cascudo, em 1976, A vaquejada nordestina e sua origem; e, em 1986, o pernambucano Manuel Correia de Oliveira Andrade lançou : A terra e o homem do Nordeste.
Outra importante fonte de informação para os nordestinos, que amam esta tradicionalíssima modalidade esportiva, a pesquisa divulgada com o título: Estudo do Complexo do Agronegócio Cavalo, realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) e publicada em 2006 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a história da Vaquejada teve seu início na região Nordeste no final do século XIX, estritamente para os proprietários de fazendas e sítios. Como evento aberto ao público, o trabalho mostra que as provas começaram nos anos 40 e, a partir de 1980, as regras começaram a ser definidas de uma maneira melhor e os prêmios distribuídos aos competidores. A partir daí, começaram a se transformar em grandes eventos, apoiados por patrocinadores. Com o passar dos anos a modalidade ganhou grande impulso nos últimos dez anos, principalmente com a introdução de cavalos de maior valor, que variam entre R$ 150 e R$ 200 mil, e a consolidação das regras, embora com variações regionais. Em 2001 o vaqueiro foi equiparado ao atleta profissional ao atleta profissional, conferidos os seus direitos conforme Lei nº 10.220, de 11 de abril de 2001.
Para a realização de uma prova de Vaquejada, há o envolvimento de aproximadamente 270 profissionais, entre veterinários, juízes, inspetores, locutores, equipes de circuito como: organizadores, seguranças, limpeza e apoio de gado, entre outros. Além desta estrutura, ocorre também a contratação de pessoas ligadas às várias bandas musicais que fazem parte da programação dos shows, o setor de alimentação e outras atividades de apoio ao evento.
Por Agência de Notícias Alese com informações da Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ)
Foto: César de Oliveira