Por Paulo Santos – Agência de Notícias Alese

Na tarde desta quarta-feira (23), a Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese), realizou Sessão Especial pelo reconhecimento da Praça São Francisco, do município de São Cristóvão,  como ‘Patrimônio Cultural da Humanidade’. O reconhecimento foi feito pela Organização das Nações Unidas pela Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 01 de agosto de 2010. A Sessão Especial é uma propositura do deputado estadual Paulo Júnior (PV). Na oportunidade, personalidades sergipanas que participaram do processo de conquista da titulação prestigiaram a solenidade.

Deputado Paulo Júnior

“Nós propomos a realização dessa sessão solene aqui na Assembleia Legislativa de Sergipe para homenagear todos aqueles que participaram do processo da campanha da praça São Francisco para receber a chancela como Patrimônio da Humanidade. Este é um momento que o povo sergipano, através de seus representantes, comemora o sentimento de pertencimento deste patrimônio que não é só de São Cristóvão, é da humanidade. A Casa Legislativa homenageia à todos aqueles que fizeram parte do processo de campanha”, ressaltou o deputado Paulo Júnior.

Palestra

O historiador Adailton Andrade foi convidado pelo deputado estadual Paulo Junior para falar sobre as comemorações dos 13 anos da chancela,  pela Unesco, da Praça São Francisco.  Durante o uso da Tribuna no Poder Legislativo, Adailton Andrade –  que é presidente  da Confraria Sancristovense de História e Memória e diretor do Arquivo Municipal de São Cristóvão – , falou sobre o envolvimento e o movimento da comunidade local diante do processo da candidatura da Praça São Francisco para  recebimento do título de Património da Humanidade.

Adailton Andrade, presidente  da Confraria Sancristovense de História e Memória e diretor do Arquivo Municipal de São Cristóvão

Na ocasião, o historiador ainda revelou a  importância do título para os sergipanos,  frisando que a Praça São Francisco representa o coração da parte alta de São Cristóvão, constituída para ser o centro da cidade e abrigo das estruturas políticas, judiciais e religiosas.

“Do ponto de vista arquitetónico da Praça São Francisco, é possível apreciar o palácio do período colonial onde funciona o Museu Histórico; e também prédios das ordens religiosas, como o Museu de Arte Sacra e o Convento de São Francisco. Todos eles continuam praticamente com a mesma feição de quando fundados, foi neste priorado onde Portugal e Espanha estavam sob um único reinado assim constituído a União Ibérica governado por Felipe II , rei da Espanha e Portugal”, explicou.

Finalizando a conferência, Adailton Andrade parabenizou ao deputado Paulo Junior pela sensibilidade da propositura, “por não deixar passar em branco mais uma data importante para a manutenção do título de Patrimônio Mundial da Humanidade. São ações como essas, que se mantém viva a chama da preservação”, disse, ao parabenizar também a Casa Legislativa de Sergipe.

“Parabenizo a esta Casa por fortalecer esse sentimento de pertencimento, como isso, o orgulho continua batendo forte no peito não só do povo sancristovense , mas dos sergipanos e dos brasileiros em ter mais um bem cultural reconhecido e chancelado pela Unesco”, declarou Adailton.

Conquista histórica

Para o Prefeito de São Cristóvão, Marcos Santana é preciso relembrar a todo momento este Título.

Marcos Santana, prefeito de São Cristóvão

“Essa é uma conquista de Sergipe e do Brasil. Isto aqui é um momento que considero pedagógico. É importante que a Assembleia Legislativa em todos os anos, lembre desta chancela. Somente 23 municípios brasileiros são considerados patrimônio cultural mundial, precisamos relembrar a todo momento essa chancela, pois ela não é definitiva. É muito importante o que a Assembleia está fazendo hoje”, afirmou o gestor.

Para o secretário-geral da Mesa Diretora da Alese, Igor Albuquerque, este patrimônio público – em solo sergipano -, merece cada vez mais a atenção dos poderes públicos.

Igor Albuquerque, secretário-geral da Mesa Diretora da Alese

“Tenho a felicidade de dizer que estive na Praça São Francisco naquele momento, há 13 anos, juntamente com muitos colegas que estão nessa sessão no dia de hoje, celebrando este momento. Esta praça é uma representação fiel e única de um patrimônio Luso-espanhol. Este patrimônio merece cada vez mais a atenção dos poderes públicos, e também da comunidade, para que cada vez mais turistas e sergipanos conheçam, frequentem, sintam orgulho e tenham consciência de valor daquele patrimônio para todo mundo”, destacou.

Estudante da Escola Municipal Doutor Martinho de Oliveira Bravo, em São Cristóvão, Maria Nicole participou da Sessão Especial, e disse que o envolvimento dos estudantes demonstra a valorização da cultura e da história da quarta cidade mais antiga do Brasil.

Maria Nicole, estudante

“As crenças do município de São Cristóvão estão sendo valorizadas com este Título. Isto é muito importante para o reconhecimento do município”, disse a aluna.

Contexto histórico

Em 01 de agosto de 2010, a Praça São Francisco foi inscrita na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO com base nos critérios de valoração da Convenção do Patrimônio Mundial e representa a fusão de padrões urbanísticos do período da União das Coroas portuguesa e espanhola, mantendo íntegro um ambiente em que, além da arquitetura significativa, se praticam manifestações culturais tradicionais, como a Procissão de Passos. 

Praça São Francisco

Ela se constitui de um espaço quadrilátero composto de edifícios públicos e privados como a Igreja e o convento São Francisco e foi traçada segundo Ordenação Filipina. Ao se tornar patrimônio em nível global, tanto pelo seu valor histórico como sociocultural, a praça configura-se como lugar de memória coletiva para os moradores, bem como local com potencialidades para o desenvolvimento do turismo, a exemplo de outros sítios históricos espalhados pelos cinco continentes.

Cidade histórica de São Cristóvão

São Cristóvão foi fundada por Cristóvão de Barros, que chegou à região em 1589. A cidade, entretanto, sofreu sucessivas mudanças até firmar-se no local atual, em 1607, palco de lutas violentas causadas pela invasão holandesa.  Foi a primeira capital do estado de Sergipe e é a quarta cidade mais antiga do país.

Em 1657 chegam à cidade os franciscanos, que proporcionaram a São Cristóvão o mais expressivo conjunto arquitetônico remanescente da cidade, que compõe a Praça de São Francisco.

Fotos: Joel Luiz – Agência de Notícias Alese