Por Aldaci de Souza – Rede Alese
“As pessoas confundem biblioteca com sala de leitura”. A afirmação foi feita na manhã desta quinta-feira, 23, pela professora-doutora do curso de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e presidente da Associação Profissional dos Bibliotecários e Documentaristas de Sergipe, Telma de Carvalho.
Ela proferiu palestra no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe sobre a conjuntura política das bibliotecas escolares e da documentação escolar. A propositura é de autoria do deputado Iran Barbosa (PT).
De acordo com Telma de Carvalho, há uma questão muito séria em relação a isso.
“A sala de leitura é uma salinha que não há uma necessidade mesmo de ter um bibliotecário, mas se tem um número pequeno de obras para os alunos fazerem alguma atividade, o professor fazer uma leitura. Isso é uma coisa. Agora, biblioteca tem que ter um exemplar para cada aluno, uma estrutura, equipamento, pessoal capacitado, atividades que são realizadas enquanto serviços”, explica enfatizando que há uma diferença grande entre sala de leitura e biblioteca.
A professora acrescentou que existem no estado de Sergipe, 136 bibliotecários já ativos.
“Formamos 168 alunos e temos nos 75 municípios sergipanos, 82 bibliotecas públicas, além de um grande número de bibliotecas escolares. A profissão de bibliotecário é reconhecida. Existem o Conselho Federal e os conselhos regionais. Sergipe é ligado à Bahia (5ª região) e é uma profissão que vem crescendo em termos de trabalhos executados porque trabalha com várias fontes de informação. Aonde tiver informação, tem bibliotecário atuando na organização, na disseminação, no tratamento dessa informação. Há uma visão muito equivocada só do empréstimo do material e da devolução, só que biblioteca é muito além disso”, entende.
Depósito de livros
O coordenador do curso de Biblioteconomia e Documentação da UFS, o mestre Edilberto Costa Santiago destacou a luta para que a lei nº 2.824 de 18 de julho de 1990, que dispõe sobre a obrigatoriedade da construção e manutenção de bibliotecas e a admissão de bibliotecários em estabelecimentos de ensino pertencentes à rede estadual, seja colocada em prática.
“Há a necessidade por lei de que em cada biblioteca tenha pelo menos um bibliotecário. Biblioteca sem bibliotecário é depósito de livro e por melhor que seja o perfil do professor ou do funcionário que vai estar lá, não é habilitado legalmente. Para isso temos um conselho profissional que regula, então é importante que isso seja levado em consideração”, entende.
“A nossa luta aqui é fazer restaurar isso pois existe uma lei de universalização das bibliotecas escolares que precisa ser dada ao cumprimento, mas como cumprir isso se não há vagas no estado? A biblioteca pública do estado, que é a maior e a mais antiga de Sergipe, tem uma pedagoga na direção e um bibliotecário que trabalha num contrato carente, não é funcionário, não é do quadro. Mudou o governo, pode sair”, lamenta.
Fotos: Jadilson Simões