“Reforma da Previdência, Terceirização e o impacto junto aos trabalhadores da Enfermagem”. O tema foi discutido na manhã desta terça-feira, 11 no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), por meio de propositura do deputado Moritos Matos (PRO).
A primeira oradora foi a vice-presidente do Conselho Federal de Enfermagem, Irene do Carmo Alves Ferreira. Segundo ela, a Enfermagem é considerada como a maior classe trabalhadora do país, com quase dois milhões de profissionais registrados no Cofen. “Vejo a Reforma da Previdência como um acinte à classe formada hoje por 85% de mulheres que têm dupla e tripla jornada de trabalho. Teremos trabalhadores mais cansados, muito mais expostos ao risco e mais propensos aos riscos de saúde”, ressalta.
Citando Ruy Barbosa, ela lembrou que quem não luta pelos seus direitos, não é digno deles. “Estamos indo para um abismo. É um tapetão dos nossos direitos e o que a Enfermagem do Brasil está fazendo? Precisamos reagir, aliar a massa à sabedoria. No Congresso Nacional só temos uma enfermeira, Carla Zanoto, que não foi eleita pela Enfermagem. Aqui na Assembleia temos uma enfermeira que também foi eleita. Precisamos colocar vozes no Congresso para votar em prol dos nossos direitos. Precisamos ficar de olho no parlamentar que vota contra o povo, contra os direitos do povo e a favor dos megaempresários. Gosto muito de Rui Barbosa e acredito que se você é digno para ter uma aposentadoria especial, lute por ela”, completa.
Terceirização
A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Maria Cláudia Tavares de Mattos, discorreu sobre a Terceirização e o Impacto dos Trabalhadores junto à Enfermagem.
Segundo ela, em Sergipe são quase 20 mil profissionais de Enfermagem e o desemprego só aumenta. “O desemprego nos últimos 12 meses em Sergipe foi de 9.3% e vai aumentar ainda mais com a terceirização, cujo deputado sergipano detentor do mercado, foi o relator do projeto. Somos 10.6% de enfermeiros e 89.8% de técnicos e auxiliares de Enfermagem. Nossa categoria no Estado é formada por 19 mil 455. Se me perguntarem esse valor à tarde, vai aumentar alguns dígitos. Somos a maioria de trabalhadores no Estado. majoritariamente feminina, 87.1%. Somos uma categoria jovem, de 26 a 41 anos. Temos 86.5 dos trabalhadores ativos e um desemprego ainda muito grande, de 8.6%”, explica.
“A tercerização vai fazer com que o aumento de desempregado seja exorbitante. Claro, os responsáveis por hospitais particulares vão preferir ser patrões ou terceirizar. Três ou quatro anos a pessoa fica numa empresa terceirizada e como vai juntar os 49 anos para ter direito a uma aposentadoria integral. Uma empresa não vai contratar um enfermeiro e um técnico de enfermagem com a mesma carga horária de um efetivo, lógico que no mínimo irá trabalhar três, quatro horas a mais”, diz lembrando que um enfermeiro trabalha 12 horas direto num hospital privado com uma hora de descanso
O autor do requerimento, deputado Moritos Matos (PROS), lamentou que a população não esteja sendo representada por alguns parlamentares.
“Nenhum parlamentar diz na campanha que irá votar contra o povo, mas quando chega no Parlamento não representa o povo e sim os seus interesses. Tem gente passando 40 anos em Brasília. A gente percebe claramente que o povo deveria escolher melhor, apenas 20% da população sabe escolher seus representantes. Quando fui procurado por vocês para intermediar junto ao presidente, o fiz e não tivemos problemas, mas é preciso que o povo se mobilize. É preciso que a gente tome consciência que essa reforma trará prejuízos. Bateram panelas por muito pouco e agora não se vê ninguém nem com uma frigideira de fritar um ovo só”, destaca.
Estudantes, enfermeiros, técnicos e auxiliares participaram dos debates no plenário da Alese. Representantes dos Sindicatos dos Enfermeiros e dos Técnicos, também acompanharam.
Por Agência de Notícias Alese
Fotos: Jadilson Simões