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PromuAlese debate enfrentamento à violência contra a mulher

“A importância da inclusão dos grupos reflexivos como intervenção na política de enfrentamento à violência e sua articulação com os serviços e programas de atendimento ás mulheres”. Esse foi o tema do seminário em alusão à campanha Agosto Lilás, realizado na tarde desta segunda-feira (19) no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, pela Procuradoria Especial da Mulher (PromuAlese). 

Deputada Maisa Mitidieri

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que, quatro mulheres morrem por dia no Brasil, simplesmente por serem mulheres; 221.240 meninas e mulheres são vítimas de violências e os homens foram autores de 80% dos casos. 

O evento presidido pela procuradora especial da Mulher na Alese, a deputada Maisa Mitidieri, teve como palestrante o Professor Doutor em Psicologia Social e Cultura pela Universidade Federal de Santa Catarina, David Tiago Cardoso e como debatedores: a Promotora de Justiça e diretora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos da Mulher (CAOP) do Ministério Público do Estado de Sergipe (MPSE), Verônica Lazar; da Professora Doutora Grazielle Vieira, autoria do livro Grupos Reflexivos para autores de violênica doméstica: responsabilização e restauração; e do Professor João Feitoza, Mestre e Doutorando em Psicologia, Terapeuta Cognitivo.

E contou com a participação da deputada Linda Brasil (PSOL), da equipe da PromuAlese, coordenada pela advogada Luana Duarte; além de promotoras de justiça, procuradoras, delegadas, professores, gestores estaduais e municipais; e estudantes da Universidade Tiradentes (UNIT).

Grupos reflexivos

Deputada Linda Brasil

Os Grupos Reflexivos de Gênero são classificados como espaços criados no Poder Judiciário, para que homens autores de violência contra a mulher possam ser direcionados quando da decisão judicial, visando a prevenção e a erradicação de atos violentos na esfera doméstica e familiar, assim como nas relações íntimas de afeto. 

De acordo com a deputada Maisa Mitidieri, o seminário foi pensado justamente quando é realizada a campanha Agosto Lilás, que visa fortalecer as políticas de enfrentamento à violência e garantir apoio e proteção às mulheres, como uma responsabilidade de todos. “E também estamos comemorando a maioridade da Lei Maria da Penha. Agosto é um mês que precisamos reforçar os debates todos temas a respeito dos tipos de violência contra a Mulher. Esse seminário realizado pela PromuAlese é de suma importância para que possamos intensificar as discussões em torno do enfrentamento à violência”, entende lembrando que em Sergipe existe uma rede muito forte de apoio às mulheres e de conscientizar os homens, desconstruindo os machismo.

Para a deputada Linda Brasil (PSOL), aprendeu muito com o seminário. “Quero agradecer por essa aula. Estou saíndo desse seminário como uma pessoa melhor, uma educadora, uma ativista e uma educadora melhor. Agradeço à Maisa Mitidieri por esse evento e que agente possa levar cada vez mais esse debate à sociedade”, destaca.

Coordenadora da PromuAlese, Luana Duarte

“Nós estamos trazendo esse tema que é uma tendência cada vez maior de se introduzir o trabalho dos grupos reflexivos como uma medida de prevenção e ressocialização do homem que comete violência contra a mulher. Durante todo o ano nós da Procuradoria Especial da Mulher da Alese temos um trabalho de atendimento às mulheres vítimas e as encaminhamos aos órgãos competentes”, complementa a coordenadora da PromuAlese, Luana Duarte.

Articulação

O palestrante David Tiago Cardoso ressaltou a necessidade de um debate em torno de uma articulação de rede. “E com isso, pensar em um conjunto de pessoas articuladas em políticas públicas, no Poder Judiciário e no Poder Legislativo, em busca de uma política de proteção às mulheres e aos demais gêneros”, afirma.

Durante a palestra, ele destacou as possibilidades de lugares de fala para que as mulheres possam conversar sobre a violência que sofrem. “É preciso criar nos homens a possibilidade de um lugar de escuta, pois eles são os principais autores das violências, tidas como o exercício do poder sobre alguém. É necessário sensibilizar os homens e trazê-los para esse debate em lugares de potência, das lutas e do exercício do sujeito de direito. E, um desses lugares  é a universidade, que constrói pensadores”, observa.

Palestrante David Tiago Cardoso

A promotora de Justiça Verônica Lazar disse que essa temática é extremamente relevante na prevenção da violência contra a mulher. “É necessário trabalhar com os homens autores de violência doméstica ou familiar, no sentido de que eles possam  refletir sobre suas ações e se auto-responsabilizar no sentido de que haja uma prevenção da violência, para que não haja  mais reicindência. Nós sabemos que os índices são preocupantes, de violência doméstica e de feminicípio (uma morte evitável). Se antes esses homens tivessem sido de alguma forma acessados  para que pudessem refletir sobre o que os leva a cometer esse tipo de violência num ambiente que deveria haver laços de afeto e de amor e isso repercute nos filhos com traumas e reprodução de violência. Esse debate é incansável, ininterrupto e que deve permear todos os órgãos públicos e a sociedade civil , que pode contribuir com a formação de grupos reflexivos”, acredita.

Segundo a Professora Doutora Grazielle Vieira, é a primeira vez que eu vem ao plenário da Alese falar de um tema tão importante e que já pesquisa há mais de dez anos. “Me sinto com a obrigação de participar da estruturação de políticas públicas melhores para o estado de Sergipe. É muito importante a gente buscar experiências para pensar como podemos fazer aqui no estado e a deputada Maisa está de parabéns por realizar esse diálogo”, diz. 

O Professor João Feitoza complementou ser preciso saber a causa de tanta gente estar morrendo vítima de feminicídio.

 

Promotora de Justiça Verônica Lazar

“Precisamos saber em que a sociedade está falhando. Eu encaro os grupos reflexivos como uma tecnologia que é disseminada e aplicada, desde que aprendam utilizar, pois o propósito é erradicar a violência e não vamos conseguir fazer isso se o nosso olhar for dicotômico. O estado deve se organizar para dar assistência imediata, mas também olhar para o autor da violência não só durante, mas depois. O que vai acontecer depois para esse homem?  Vai ser preso? E quando for solto, como vai agir, quando isso vai parar?”, questiona citando um trabalho realizado na Delegacia de Lagarto e acrescentando que os desafios são grandes para se dar respostas proporcionalmente ao problema, pensando em dois aspectos: prevenir e remediar; pensando em fenômenos que acontecem ao redor dos autores a exemplo de gêneros e esteriótipos.

 

 

 

Fotos: Joel Luiz/Alese

 

 

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