O Transtorno do Espectro Autista (TEA), voltou a ser debatido na tarde desta segunda-feira (29), durante Sessão Especial no plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), dando prosseguimento às ações realizadas durante a campanha Abril Azul, que trata do assunto.
A autoria é da deputada Carminha Paiva (Republicanos), que reuniu especialistas,mães, pais, professores, psicopedagogos e neuropediatra para falara sobre o tema: “A criança com autismo em Sergipe”.
Para a parlamentar, o Transtorno do Espectro Autista é uma condição complexa, que muda a vida não apenas das crianças que o vivenciam, mas também suas famílias e comunidades. Ela ressaltou que em todo o mundo, as taxas de diagnóstico deste transtorno estão aumentando, sendo essencial que todos estejam preparados para enfrentar os desafios que isso traz, especialmente aqui em no estado.
“Como leglsladores, é preciso ter o dever e a responsabilidade de garantir que todas as crianças, independente de suas necessidades específicas, tenham acesso à Educação, cuidados de saúde e apoio adequados. No entanto, sabemos que muitas vezes esses recursos são escassos e insuficientes, deixando as famílias e as crianças autistas em uma situação de desamparo. É fundamental que trabalhemos em conjunto para melhorar a qualidade de vida dessas crianças e suas famílias. Precisamos investir em programas de educação inclusiva, capacitando nossos professores e profissionais de saúde para entenderem as necessidades específicas das crianças autistas e fornecerem o suporte necessário para seu desenvolvimento. Por isso fiz questão de propor esse espaço de diálogo e conhecimento para todos, para que juntos possamos construir políticas públicas efetivas para as pessoas com TEA em Sergipe”, destaca.
Carminha Paiva acrescentou ser necessário que haja uma maior conscientização e aceitação da sociedade em relação ao autismo.
“Devemos promover a inclusão e a igualdade, combatendo o estigma e a descriminação que muitas vezes cercam essa condição. Como representante do povo de Sergipe, me comprometo a trabalhar incansavelmente para garantir que as crianças autistas do nosso estado recebam o respeito, a dignidade e os recursos de que necessitam para ter qualidade de vida, mas é preciso a união de todos, autoridades, organizações da sociedade civil e a comunidade em geral em torno desse esforço”, entende.
Desafios
A terapeuta ocupacional Jamille de Souza Moura falou sobre a importância da Sessão Especial proposta pela deputada Carminha Paiva.
“A gente ter um evento hoje para falar sobre o autismo em Sergipe é de grande importância para debatermos sobre a realidade local; o que se aproxima e se distancia da realidade nacional. O terapeuta ocupacional é fundamental no desenvolvimento infantil, focando em questões relacionadas ao dia a dia dessas crianças com TEA, as dificuldades enfrentadas e no que pode colaborar com as famílias. Nunca é um trabalho sozinho, mas de uma equipe multidisciplinar com uma vasta gama de profissionais a exemplo de psicopegagogos (as), nutricionistas, que chegam para colaborar com esse processo”, enfatiza.
A professora e psicopedagoga Jéssica Fernanda da Cunha observou que os profissionais da área ainda têm dificuldades em trabalhar com crianças que tem Transtorno do Espectro Autista.
“A dificuldade maior é no planejamento do processo de ensino e aprendizagem para facilitar, pois o processo é totalmente diferente e a gente tem que trabalhar de forma lúdica, com dinâmicas e isso o psicopedagogo vai auxiliar os professores, montando atividades adaptadas, ajudando a facilitar a vida do professor e das crianças com TEA”, explica.
O neuropediatra Rodrigo Santos de Araújo informou que de cada 36 crianças nascida atualmente, um é autista e que a projeção é de em 2050, a metade da população tenha TEA.
“As crianças não escolhem ser autistas e cabe à gente dar esse suporte para que se tornem adolescentes, adultos e idosos. Abrir esse espaço na Assembleia Legislativa para que a gente comece a caminhar para que tenhamos projetos e políticas que possam ser realmente executadas. A gente tenta dar o diagnóstico com no máximo três anos de idade, para que seja tratada adequadamente e com isso possa dar frutos para o estado e não dependentes de aposentadorias. A gente sabe que, quando o pai tem mais de 40 anos e a mãe tem mais de 35, é um fator de risco para a criança nascer autista. Os números estão crescendo não só no Brasil, mas no mundo e só quem lida todo dia, sabe que o autismo não está na moda, não é algo que se inventa para ganhar benefícios. Essas crianças não devem ser classificadas como birrentas, mas que não sabem se expressar e sabemos o quão difícil é manejar”, alerta.
Também participaram do evento, o deputado Georgeo Passos (Cidadania), a nutricionista Larissa Monteiro Costa, a presidented a Comissão da Pessoa com Autismo da OAB/SE, Aline Andrade e gestores de alunos municípios como Nossa Senhora do Socorro e Divina Pastora.
Fotos: Joel Luiz/Alese