Por Paulo Santos/Agência de Notícia Alese
A Escola do Legislativo Deputado João de Seixas Dória (Elese), realizou na manhã desta quinta-feira (25) a 2ª edição do Projeto Quintas Negras. O tema ‘Memórias do Sagrado’, apresentado pelo professor Fernando José de Ferreira Aguiar, é um processo de reflexão sobre a atividade de aprisionamento, invasão aos terreiros de Candomblé de Nagô e de Toré em Sergipe, nas décadas de 1930 a 1940, cujos bens foram apreendidos, e depois cedidos para a reserva técnica de museus. Na oportunidade, estavam presentes professores, e alunos de escolas públicas que são assistidos pelo Instituto Luciano Barreto Júnior. Além da escritora e poetisa Vera Vilar.
“Na verdade são bens culturais que foram expropriados, e que hoje precisam efetivamente de políticas públicas para que sejam devolvidos, ou seja, restituição desses bens culturais às comunidades de origem, em forma de reparação social, jurídica e moral. Dentro deste contexto que nós vivemos, em que o racismo religioso ainda é potente, a não devolutiva desses acervos para suas comunidades de origem, é também uma forma de repressão, de punição, de racismo religioso e de discriminação do ponto de vista afro-religioso”, ressaltou o professor.
Para o palestrante Fernando Aguiar, é preciso haver o combate à todas as formas de racismo. “O grande foco voltado aos alunos, primeiro é uma questão de trabalhar a diversidade, a pluralidade religiosa e cultural brasileira. Segundo, o combate a todas as formas de racismo e seus correlatos, e acima de tudo, neste momento que estamos vendo no mundo inteiro, ações de racismo, o racismo religioso precisa ser discutido, e trazer efetivamente políticas públicas, para que as escolas cumpram o seu papel de educar, e saber lidar com as diferenças como uma cultura para a paz”, disse Aguiar.
Segundo a diretora da Escola do Legislativo, Telma Pimentel, o tema desperta o interesse pela leitura e aprendizado. “É importante a Escola do Legislativo debater temáticas que são de interesse da comunidade. Trazer jovens e estudantes para debater esses assuntos, é fundamental, porque cria uma consciência e educação sobre aquele tema. Hoje, na 2ª edição do Projeto Quintas Negras, que trata das questões raciais, conhecer temas como esse, desperta o interesse pela leitura. Tenho certeza que vamos ter hoje, grandes aprendizados e lições sobre o assunto”, afirmou Telma.
O professor do Instituto Luciano Barreto Júnior, João Batista ressaltou que trazer os jovens para o Projeto Quintas Negras, desperta neles o senso crítico e reivindica os seus direitos. “É importante trazer para esses jovens a realidade de um povo negro. Estamos em uma sociedade onde estamos sendo apagados diariamente. Então, buscar essa ancestralidade, e trazer para eles questionamentos que vivenciam no dia a dia. Podemos perceber, que a maioria desses jovens são negros, de periferias, então é importante manter viva neles a questão da igualdade racial”, disse.
Para o estudante Antônio Cauã, é preciso ter alguém como norte e exemplo. “É fundamental conscientizar sobre a cultura negra, o que aconteceu, quais foram as mudanças ocorridas por conta da colonização, ainda mais o que está acontecendo com as pessoas negras hoje em dia, sua consciência é essencial. Como jovens, as nossas mentes estão sendo moldadas para o futuro, e precisamos de alguém como exemplo e norte para seguir”, ressaltou.
Fotos: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese