Por Paulo Santos – Agência de Notícias Alese
Neste sábado, 8 de Julho, o Estado de Sergipe comemora 203 anos de Emancipação Política, em relação à Bahia. O território que hoje chamamos de sergipano, se expandiu como província do Império do Brasil e se consolidou na condição de um importante estado membro da República Federativa do Brasil a partir do decreto imperial assinado por D. João VI, em 08 de julho de 1820. Estudiosos da História de Sergipe costumam apontar a posição tomada por alguns senhores de terra, quando da Revolução Pernambucana de 1817, como sendo a principal causa para a criação da Capitania de Sergipe Del Rey.
A economia sergipana era formada principalmente pelos grandes proprietários de terra, plantadores de cana e proprietários de engenho de açúcar. Posteriormente vieram os criadores de gado e comerciantes. Diante da Revolução, os proprietários de terra entraram em pânico; era uma situação inquietante, com a escassez de gêneros alimentícios como a farinha de mandioca em virtude da seca que dominou o nosso território até 1816. Com medo de que as pessoas com fome, aderissem à revolução, os produtores rurais forneceram homens e montarias à Bahia.
O Professor Doutor em História e Filosofia, Jorge Carvalho do Nascimento, afirma que a data marca um momento fundador da sergipanidade. “Oito de Julho é um momento muito importante para a vida sergipana e a história de Sergipe. Marca um momento fundador da sergipanidade, de constituição e de emancipação política desse território que hoje corresponde ao Estado. Dessa sociedade que se organizou neste espaço. A luta pela emancipação está associada a luta pela independência do Brasil, nela os sergipanos tiveram o papel da maior importância, e isto garantiu, também aliado ao processo de desenvolvimento econômico, que este território vinha vivendo. A emancipação política daquilo que hoje é o Estado de Sergipe, que nós conhecemos e do qual nos orgulhamos”, disse.
De acordo com a Professora Doutora Terezinha Alves de Oliva, a emancipação política não ocorreu instantaneamente. “Esta data é um fato eminentemente político porque é o marco da data da assinatura da Carta Regia, claro que o fato político não se dá desligado dos outros elementos econômicos, sociais e as reivindicações locais, mas isso é fundamental porque essa ligação com a Bahia não terminou em um passe de mágica, isso foi uma conquista dos sergipanos, que em alguns aspectos ainda continua”, pontuou.
No aspecto cultural, o Professor Doutor Samuel Barros de Medeiros Albuquerque, contou que a identidade cultural demorou a se concretizar, chegando a passar décadas ainda ligada ao Estado da Bahia.
“Esta é uma data muito mais voltada para o campo político do que para o campo cultural; o tempo histórico tem essa diferenciação quando nós tratamento de transformações políticas ou culturais. Nossa emancipação política, efetivamente, tarda e vai muito além, nós só podemos falar de emancipação cultural de Sergipe a partir da década de 1910, após a fundação do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, quando começou a ser discutida a identidade cultural sergipana”, destacou.
Segundo o Professor Doutor em Economia, Saumíneo da Silva Nascimento, a demora de desvinculação também custou a acontecer. Ele ressaltou que, atualmente, a diferença é vista de forma mais clara do que se deu à época.
“Há uma grande diferença de Sergipe antes e pós de 1820 e atual, o vínculo de dependência que tínhamos da Bahia do ponto de vista econômico era significativo, impedia que novas atividades fossem desenvolvidas. Nossa economia era muito incipiente na época e ela foi se desenvolvendo aos poucos, se desvinculando dessa dependência da Bahia e ampliando, chegando aos dias atuais a uma economia robusta e em franco-desenvolvimento”, detalhou.
Fotos: Jadilson Simões / Agência de Notícias Alese